Neste domingo (18), Steve Bannon concedeu uma entrevista à BBC Brasil analisando as figuras de Lula e Bolsonaro à luz das eleições presidenciais de 2022. Considerado como um dos maiores ideólogos da extrema-direita à nível mundial, Bannon considera o pleito eleitoral brasileiro deste ano como um dos mais importantes de todo o século XXI, afirmando que será “uma das mais intensas e dramáticas eleições”.
Na ocasião, Bannon comparou Lula a Biden no que diz respeito ao seus estilos de campanha política:
“Ele está fazendo uma campanha como Biden. Quer dizer, acho que o que é tão interessante ou curioso é que aqui temos uma figura populista dinâmica que não está realmente hoje executando uma campanha populista dinâmica. Acho que a comemoração dos 200 anos foi o exemplo mais contundente de que ele não é um populista numa campanha popular. As multidões não estão lá, a intensidade não está lá”, afirmou o direitista.
Trata-se de um argumento de quem entende do assunto. Afinal, Bannon foi o grande responsável pela vitória de Trump em 2016 e, com sua rede mundial, tem responsabilidade em inúmeras vitórias da extrema-direita na Europa e, de maneira geral, em seu crescimento frente às massas. Em todas essas campanhas, Bannon mostrou que sabe que, para vencer, é preciso mobilizar multidões.
Ademais, Bannon, ao longo da entrevista, deixou claro que Lula tem o potencial para convocar uma gigantesca mobilização no Brasil, mas não está fazendo isso. Enquanto isso, Bolsonaro está apostando no povo como principal eixo de sua campanha, como mostrou nos atos que fez no Bicentenário da Independência, atos os quais Bannon considerou como “muito impressionantes” e “de tirar o fôlego”.
Em outras palavras, a fraquíssima campanha de Lula tem feito uma importante figura da extrema-direita mundial afirmar que, em 2022, a vitória será de Bolsonaro. Conclusão tirada em decorrência do fato de que, enquanto Bolsonaro mobiliza suas bases, Lula fica em casa. Na realidade, Bolsonaro também tem consciência desse fato e, justamente pela ausência de Lula, está se mobilizando.
Finalmente, é assim que se ganha uma eleição: mobilizando a classe operária. Por isso, a campanha de Lula precisa mudar de maneira radical e, imediatamente, mobilizar os trabalhadores em torno de sua campanha. Caso contrário, é quase inevitável que a força do bolsonarismo no Brasil aumente cada vez mais e, consequentemente, consiga atingir uma vitória no pleito deste ano.
O próprio ato do dia 7 de Setembro mostra que Bolsonaro está, efetivamente, criando uma base sólida que não se mobiliza apenas de um ponto de vista político, como também ideológico. Ou seja, está agrupando uma parcela importante da sociedade brasileira em torno de sua campanha e de sua figura, como um todo.
Fato é que, ao redor de todo o planeta, a esquerda está em uma crise profunda que se traduz em seu apoio, em diversas ocasiões, à política do imperialismo. Algo que, no final, afasta o povo que, massacrado diariamente pelo imperialismo, rejeita a política oportunista da esquerda. Consequentemente, quem cresce é a extrema-direita que, aproveitando-se da situação, faz demagogia com a classe operária pintando uma imagem anti-sistema.
A única forma de reverter isso é, justamente, mobilizando os trabalhadores e realizando uma campanha que dependa única e exclusivamente das bases, dos trabalhadores. É isso que Lula precisa fazer para sair vitorioso das eleições de 2022.