Neste 11 de agosto, ocorrerão atos em todo o Brasil “em nome da democracia”. As manifestações surgiram como continuação da chamada Carta Pela Democracia, um documento fabricado pela Fiesp e pela Febraban, organizações de banqueiros e empresários, amplamente impulsionado pela imprensa burguesa. No que parece um gesto de suicídio político, as direções da maioria da esquerda nacional caíram de cabeça nas manifestações.
Em primeiro lugar, é preciso caracterizar toda essa mobilização. No momento, a burguesia tenta emplacar eleitoralmente a terceira via. Para tal, precisam tirar de seu caminho dois adversários que ocupam primeiro e segundo lugar nas pesquisas: Lula e Bolsonaro.
Para tal, criou-se a fábula de que Bolsonaro representa um grave perigo às instituições democráticas brasileiras. Logo, a burguesia fabricou uma luta que, em primeiro lugar, tem como objetivo defender órgãos como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mesmo Bolsonaro não fazendo absolutamente nada de concreto contra elas.
Isso se dá justamente porque esses tribunais vêm se consagrando como pilar fundamental do golpe de Estado no Brasil. Afinal – e é preciso lembrar -, foram eles os responsáveis por legitimar, no sentido jurídico, o impeachment de Dilma e a prisão de Lula. Por conseguinte, a própria eleição de Bolsonaro que eles agora dizem combater.
A luta “pela democracia” vem nesse sentido, para fortalecer as instituições do golpe e facilitar um golpe em nome da terceira via por meio de qualquer acusação farsesca contra Lula e Bolsonaro. É o que ocorreu, em 2018, com a campanha do “Ele Não”. Foi uma palavra de ordem, também engendrada pela imprensa capitalista, que serviu para transferir a luta da esquerda pela liberdade de Lula ao deixar em aberto quem seria o candidato senão “Ele” (Bolsonaro).
Fica claro, então, que a luta abstrata pela democracia não é uma pauta da esquerda e dos trabalhadores, mas sim uma forma da burguesia enganar o povo. Consequentemente, os atos de hoje vão no mesmo sentido.
A esquerda não pode ficar, mais uma vez, à reboque da burguesia em prol da terceira via. A CUT, que está convocando os atos, não deve participar dessa farsa. Assim como deveria ter sido em 2018, a mobilização popular precisa girar em torno da luta por Lula Presidente. Essa sim é uma forma de combater o golpe no País e eleger Lula.
Finalmente, a luta dos trabalhadores não pode incluir a burguesia, pois é, por definição, uma luta contra ela. Não há dúvidas, nesse sentido, de que em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, os mesmos setores da direita que hoje se colocam “pela democracia”, apoiarão Bolsonaro. A luta deles é contra Lula, e não o contrário.
A luta da esquerda deve ser independente da burguesia. É preciso convocar gigantescas mobilizações por Lula presidente, e não participar dos atos da terceira via. No fim, o povo não precisa da burguesia, pois tem toda a força necessária para travar uma batalha incansável contra a direita nas ruas. Afinal, são os trabalhadores que movem o mundo, também podem fazê-lo parar.