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Eduardo Vasco

Militante do PCO e jornalista. Materiais publicados em dezenas de sites, jornais, rádios e TVs do Brasil e do exterior.

Genocídio no Donbass

“Os ucranianos estão cometendo um crime contra a humanidade”

Denúncias horripilantes das atrocidades dos nazistas ucranianos contra a população civil e o imenso sofrimento de mulheres, idosos e crianças no Donbass

─ Eduardo Vasco, de Rostov do Don

Todos olham estarrecidos para aquelas imagens, apesar de já as terem visto centenas de vezes. Lyubov, que pegou em armas e foi condenada à morte por se rebelar contra os fascistas, procura conter o choro. Um clima de angústia toma conta do estúdio do canal Don 24, onde foi realizado ontem (30) o 7° Congresso Internacional Antifascista.

Anna Soroka, vice-ministra de relações exteriores de Lugansk e encarregada da apuração dos crimes de guerra ucranianos, apresenta vídeos das atrocidades cometidas pelos militares e principalmente pelo Batalhão Azov contra prisioneiros de guerra russos e civis no Donbass. Cenas fortíssimas de tiros em partes do corpo, pessoas agonizando, torturas, propaganda incentivando decapitações de russos, inúmeras pessoas caídas mortas no chão em poças de sangue, corpos de homens, mulheres e crianças destroçados, cabeças esmagadas.

AVISO: as imagens são fortíssimas. Mas são apenas 1% do que os nazistas estão fazendo.

“Agora o nosso território está livre e temos várias evidências dos crimes dos nazistas ucranianos. É difícil de expressar em palavras. Em várias regiões do Donbass as crianças nunca viram a paz e são impedidas de ter acesso a serviços básicos, como água, eletricidade, remédios e comida”, diz. “Nunca pedimos por um milagre, apenas para que o mundo fosse objetivo ao dar informações sobre isso, nós tentamos contato com uma série de organizações de direitos humanos europeias, mas todos os diálogos foram mal-sucedidos. E agora pedimos para o mundo criar uma organização internacional alternativa, como uma corte, onde possa haver uma verdadeira justiça, onde a lei possa ser para todos e todos os eventos do Donbass sejam finalmente apurados.”

“Durante esses oito anos, a comunidade internacional nunca mencionou esses crimes no Donbass”, diz Vladislav Deynego, ministro do Exterior de Lugansk. “E em geral são um grande crime contra a humanidade.” O presidente da Câmara da República Popular de Donetsk, Alexander Kofman, concorda e denuncia a “comunidade internacional”: “os governos dos países ocidentais sabem o que está acontecendo na Ucrânia neste momento ─ é um crime contra a humanidade cometido pelos ucranianos.”

É revoltante como os jornais ignoram completamente essa realidade. De fato, a vontade é de cuspir na cara dos âncoras, comentaristas e repórteres da imprensa internacional. São covardes. Mercenários. Tudo bem, muitos são realmente ignorantes e não percebem que estão sendo manipulados pelos seus patrões. Mas muitos sabem disso, sabem qual é a verdade e, para manter seus carguinhos medíocres nas redações, prestam-se ao papel de papagaios de pirata do governo dos Estados Unidos.

Vladislav Deynego, ministro das Relações Exteriores da República Popular de Lugansk. Foto: Eduardo Vasco

“Kiev e o Ocidente usam os métodos de Goebbels de que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade, como no caso de Bucha, mas temos que fazer a verdade aparecer e ela está aparecendo”… graças a jornalistas como a que pronunciou essa frase no Congresso, e cujo nome infelizmente não captei. “Eu só queria dizer que a guerra do Donbass não começou dois meses atrás, mas sim em 2014. As principais vítimas são idosos, mulheres e crianças.”

Uma delas é Anna Tuv. Ela perdeu toda a sua família nos bombardeios ucranianos contra o Donbass. Teve uma mão amputada devido a estilhaços dos mísseis. Por pouco também não se juntou às mais de 14 mil vítimas fatais do genocídio realizado pelo regime imposto pelo imperialismo em 2014.

Mas esses números, reconhecidos pelas Nações Unidas, que já são assustadores, não estão nem perto da verdade. É o que revela uma representante oficial da República Popular de Donetsk. “Os números são dez vezes maiores”, declara. Cerca de 4.000 pessoas foram sequestradas. Mais de 60% das capturas de pessoas foram realizadas de maneira ilegal. 580 casos de tortura foram documentados. “Os batalhões ucranianos não usam a tortura de forma isolada, essa é uma política do Estado Ucraniano”, completa.

Os representantes do Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas descobriram 300 lugares onde civis foram torturados pelas forças ucranianas. De 2014 a 2020, cerca de 900 pessoas foram trocadas como prisioneiros, a maioria sendo presos políticos civis.

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Apesar de constatar a tragédia que toma conta da região que fica entre a Ucrânia e a Rússia, a ONU não faz absolutamente nada para parar o genocídio. Pelo contrário: sabota, boicota, sanciona, adverte, acusa e ameaça a Rússia, único governo com quem o desesperado povo do Donbass pode contar para se proteger das forças terroristas ucranianas. O governo e o povo russo, pois há uma verdadeira mobilização popular nacional em apoio aos seus irmãos de Donetsk e Lugansk. Ajuda humanitária está sendo enviada não apenas por órgãos oficiais russos, mas também por organizações da sociedade civil, de cidadãos comuns, que se solidarizam com o sofrimento do outro lado da fronteira. Há aqueles que se voluntariaram e estão neste momento pegando em armas na linha de frente da luta contra o nazismo, como revela Daria Mitina, do Partido Comunista Unificado. “Os pacifistas, na prática, estão apoiando a Ucrânia.”

O ministro Deynego relembra ainda como se iniciou toda a carnificina promovida pelo regime ucraniano no Donbass. Poucos meses após o golpe contra o então presidente Viktor Yanukovich, o exército ucraniano iniciou os bombardeios indiscriminados contra Lugansk, onde a população não aceitou o golpe e declarou independência da região. Em 2 de junho de 2014, um ataque aéreo atingiu um parquinho de crianças, deixando 11 vítimas fatais. “A partir desse momento a Ucrânia deixou de existir para os habitantes de Lugansk. Entendemos que aquilo, de parte da Ucrânia, de utilizar suas armas contra civis, era puro nazismo.”

A mesma chacina ocorre em Donetsk, há oito anos, e aí podemos entender por que o regime de Kiev faz uso de nazistas precisamente na linha de frente: nazistas não têm a menor compaixão, e para realizar essa tarefa é preciso ter requintes de crueldade. “São como esquadrões da morte utilizados na África e na América Latina. Eles não consideram a população do Donbass e dos russos ucranianos como cidadãos. Eles atacam não somente ativistas sociais, como também padres e pessoas patriotas”, denuncia um deputado de Donetsk no Congresso.

O jornalista Yuri Barbachov foi testemunha ocular de alguns desses crimes. “Os ucranianos não consideram os cidadãos que estão sob proteção das repúblicas e da Rússia como seres humanos”, afirma. E explica: “o alvo dos ataques são pessoas civis que não apoiam a ideologia nazista, e não que não apoiam a Ucrânia. Os nazistas ucranianos não os consideram como seres humanos. E aqui é o principal problema do nazismo como ideologia: durante muitos anos as pessoas que eram parte da cultura russa foram desumanizadas na Ucrânia. Durante os últimos oito anos o processo de desumanização foi promovido contra o povo do Donbass, onde qualquer homem ou mulher poderia ser torturado ou morto por não ser considerado ser humano. Não há escolha: você é obrigado a compartilhar sua ideologia, ou se torna uma vítima dos nazistas.”

Na intervenção representando o PCO, o camarada Rafael Dantas lembra a todos que “os bandidos imperialistas só conseguem enganar os povos de todo o planeta porque escondem os crimes dos fascistas ucranianos”. E nós estamos aqui para escancará-los. Leia aqui o pronunciamento do Partido da Causa Operária perante o Congresso e veja a intervenção:

Lyubov, a grande liderança dos refugiados de Lugansk na Rússia, presidenta da União Internacional dos Antifascistas e organizadora do Congresso, com seus dentes de ouro e seus cabelos de prata de cinco décadas, abre o evento saudando os presentes, incluindo o PCO, que representa a América Latina. Ela explica as origens, os símbolos e a ideologia da força mais terrorista do regime ucraniano, o Batalhão Azov.

Ela apresenta uma lista de centenas de mercenários estrangeiros na Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia. “Por oito anos a Europa e as Nações Unidas ignoraram todas as demandas da União Antifascista Internacional para se parar a guerra contra o Donbass e o genocídio da população de etnia russa.” E destaca a necessidade premente de lutar e esmagar o fascista através de uma aliança antifascista internacional, ressaltando o exemplo dos povos de Donetsk e Lugansk com o apoio da Rússia. “Não há nada que se negociar com os fascistas”, conclui.

O sentimento de camaradagem é enorme junto aos companheiros de Donetsk, Lugansk e da Rússia. Somos irmãos. Estamos na mesma trincheira. No final do evento, entrego de presente ao ministro Deynego um exemplar do Jornal Causa Operária e explico que a manchete diz “Defender a Rússia contra o imperialismo”. Ele agradece o presente. Em seguida, entrego a Lyubov, que está a seu lado, uma camisa e um broche da Aliança da Juventude Revolucionária. Ela fica tremendamente feliz. Vendo a gentileza, Deynego retira o broche que representa a bandeira e o brasão de armas da RPL (o qual eu já estava de olho desde o começo do Congresso) da lapela de seu paletó e me entrega. Fico muito agradecido e digo que é uma honra poder estar junto com esses companheiros, que dão um exemplo para todo o mundo ao pegar em armas contra o fascismo e construir duas repúblicas populares no meio de uma guerra de agressão que estão sofrendo.

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