O ministro das Comunicações do governo Bolsonaro, Fábio Faria, anunciou em suas redes sociais, bem ao gosto da política entreguista e antinacional de Bolsonaro, uma parceria entre o governo brasileiro e a empresa estadunidense SpaceX, do bilionário Elon Musk. O objeto desta “parceria” é de uma importância estratégica fundamental: a Amazônia.
O pretexto é o fornecimento de internet para a região mais carente deste serviço, justamente a região da Amazônia brasileira, levando internet a áreas e escolas rurais. Trata-se, no entanto, de um diversionismo. Não é do interesses do governo Bolsonaro e do golpe universalizar a acesso à internet no país, ao contrário, todos os seus passos levam à privação completa para as grandes massas da população pobre de todos os bens e serviços e até mesmo dos bens mais fundamentais para a população como a alimentação.
O país, com o governo Bolsonaro, é o país da fome.
E mesmo se fosse esse o real interesse, não seria necessário contratar tal empresa imperialista para realizá-lo. O verdadeiro motivo da parceria é bem outro e também foi citado, embora não de maneira tão explícita, pelo ministro, que é também membro e representante da família Abravanel (genro de Silvio Santos), e preposto de setor importante dos monopólios de comunicação. Segundo Faria, em seu encontro com Musk, tiveram a oportunidade de conversar sobre a “preservação da Amazônia” utilizando a rede de satélites da empresa imperialista para supostamente monitorar a região amazônica em relação a desmatamento ilegal e incêndios. O ministro pretende implementar tal parceria em 2022.
No entanto, o governo Bolsonaro se destacou como um dos que mais obstruiu a defesa da Amazônia nos mais variados aspectos. Em 2021, o corte de gastos no Ministério do Meio Ambiente foi da ordem de 35%, o que deixou praticamente inoperante as ações de fiscalização, que combatem as queimadas ilegais na Amazônia, dentre outros aspectos.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) também foi alvo dos cortes. O instituto que gerencia cerca de 20% das águas brasileiras e cerca de mais de 9% do território nacional sofreu cortes e necessitaria do triplo de verbas destinadas para cumprir as funções. Também 600 servidores do Ibama acusaram o então ministro Ricardo Salles de paralisar o órgão, além de muitas outras iniciativas contra a preservação ambiental na Amazônia. Assim, cai por terra a ideia de que a parceria governo Bolsonaro e Musk tenha alguma coisa a ver com preservação do que quer que seja.
Trata-se evidentemente de mais um engodo. Objetivamente o que se está pretendendo é a privatização do sistema de defesa da Amazônia, tema estratégico para a soberania nacional. Um tema de defesa dos mais importantes é vilipendiado, a soberania nacional ultrajada pelo Ministério das Comunicações, simplesmente por utilizar a justificativa falsa de que se trata de levar internet e melhorar o monitoramento, e tudo isso com a anuência da imprensa capitalista nacional e dos próprios militares.
A Amazônia sempre foi cobiçada pelo imperialismo, que tem por objetivo explorar seus imensos recursos, privando o povo brasileiro deles. Sucessivos projetos do imperialismo que defendiam e propagavam a ideia de internacionalização da Amazônia, devido à falta de cuidados dispensados pelo governo à floresta, uma forma vil que o imperialismo detinha e ainda detém para pressionar no sentido de que o controle da Amazônia passe para as suas mãos, utilizando sempre como justificativa questões ambientais, levaram os setores de defesa do país a criarem o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) e seu sistema aéreo Sistema de Proteção da Amazônia, ou SIPAM para proteger o espaço aéreo e monitorar a parte brasileira.
Foi um esforço do estado brasileiro, durante décadas, de investimento de tecnologia para a montagem do sistema de monitoramento, do qual fazem parte enormes antenas de radar, sistemas de comunicação, bem como de modernas aparelhagens eletrônicas, além da integração com o satélite brasileiro de sensoriamento remoto, que permite fiscalizar o desmatamento na Amazônia.
Esse sistema sempre fora sabotado pelo imperialismo. Agora a proposta do governo é simplesmente transferir esse sistema para as mãos do imperialismo estadunidense. É uma agressão brutal à soberania brasileira.
A Amazônia e suas riquezas estão sendo oferecidas para que o capital internacional possa explorar livremente, posto que será também o responsável pela vigilância. E está sendo dada não para qualquer capital, mas para o setor mais violento da burguesia imperialista estadunidense.
O bilionário Elon Musk é o mesmo que ajudou no golpe na Bolívia para roubar o lítio do país a fim de alimentar sua indústria de carros elétricos. Como um monopolista, ele é associado ao governo dos EUA, portanto aos serviços de inteligência dos EUA. Questionado sobre o caso da Bolívia, Musk respondeu há pouco tempo que “vamos dar golpe em quem quisermos”. O que está ocorrendo é entregar a vigilância e a segurança da Amazônia aos maiores inimigos do Brasil.
Assim, o governo Bolsonaro e de todos os golpistas que tomaram o poder em 2016 demonstra mais uma vez que é um governo capacho do imperialismo, dos mais serviçais que o país já teve até hoje, uma espécie de governo de ocupação colonial, que atua contra os interesses nacionais. O discurso antissistema de Bolsonaro é apenas talismã para os asseclas mais fanatizados. A realidade, porém, é bem outra, trata-se de um governo dos mais comprometidos e submetidos aos interesses do imperialismo, notadamente o estadunidense, de toda a história brasileira.
O tema da Amazônia reafirma ainda mais essa verdade, um governo que não apenas não se contrapõe nem minimamente aos desmandos do imperialismo, como também é a ponta de lança do imperialismo para lesar todo o povo brasileiro. É preciso rechaçar completamente essa medida gravíssima, a Amazônia brasileira é do povo brasileiro, é do Brasil. Fora imperialismo do Brasil, tirem as garras da Amazônia.