Eduardo Vasco e Rafael Dantas, de Rostov-do-Don
Na última quarta-feira (20), Sergey Zarevsky, secretário de economia da prefeitura de Rostov-do-Don falou com exclusividade ao Diário Causa Operária sobre a situação dos refugiados vindos da região do Donbass.
Zarevsky denunciou que o auxílio fornecido por organizações ditas internacionais, como a Cruz Vermelha e as Nações Unidas, não chega aos russos que fogem dos fascistas que vêm atacando as cidades de Lugansk e Donetsk.
A cidade russa de Rostov-do-Don é a mais populosa perto da região separatista da Ucrânia. Está a cerca de três horas das Repúblicas Populares do Donetsk e de Lugansk, de onde milhares fugiram desde o golpe fascista que derrubou o governo ucraniano em 2014 e que as forças de Kiev começaram a bombardear e reprimir a população.
Neste sábado (23), os correspondentes especiais da imprensa do Partido da Causa Operária na Rússia se encontrarão com algumas destas pessoas para ouvir em primeira mão seus relatos.
Leia, abaixo, a íntegra da entrevista com Sergey Zarevsky.
Quantos refugiados do Donbass estão em Rostov-do-Don nesse momento?
Atualmente há 863 pessoas na cidade. A quantidade muda a cada dia.
Desde quando começaram a chegar?
Começaram a chegar em 2014, mas a segunda onda começou em 18 de fevereiro deste ano.
De onde vêm?
A maioria de Donetsk e Lugansk.
Quais são as principais necessidades dos refugiados na cidade?
Em primeiro lugar, ajuda psicológica, pois buscam um lugar seguro, além de alojamento, alimentação, condições sanitárias. As tropas ucranianas utilizaram-nos como escudo humano.
Com a entrada dos militares [ucranianos] nas cidades, foram deslocados, expulsos de suas casas. Há testemunhos de gente que viu seus filhos serem assassinados diante de si, foram mantidos cativos em suas casas, etc., por isso precisam de auxílio psicológico.
A maioria dos refugiados [que estão na cidade deste momento] começou a chegar em fevereiro, quando ainda era inverno. Precisavam de roupas, etc.
Quais são as ações tomadas pela prefeitura para ajudar os refugiados?
Há lugares designados pela prefeitura como alojamento temporário. Ajudar essas pessoas é responsabilidade da Federação Russa. A prefeitura presta todo tipo de auxílio com questões sociais, desde obter roupas ou uma linha telefônica, a atenção médica, etc.
Também oferecemos postos de trabalho, como por exemplo para professores ou médicos entre os refugiados.
Organizações internacionais como a Cruz Vermelha, que deveriam faz esse tipo de trabalho, por exemplo, atuam apenas de um lado, sem apresentar nenhuma explicação.
Nos territórios de Lugansk e Donetsk, a Cruz Vermelha utilizou medicamentos vencidos, etc.
Desde 2014, a cidade de Rostov-do-Don vem auxiliando os refugiados, não só a prefeitura, mas também voluntários.
Historicamente, a região de Rostov e da Ucrânia estão relacionadas. Muitos refugiados também têm familiares por aqui. Muita gente que vem de Donetsk e Lugansk também vai para outras partes da Rússia onde também possuem amigos e relações.
Consideramos os que vêm do Donbass como nossos irmãos russos. Por esse motivo também o governo russo oferece passaportes russos aos refugiados.
Os habitantes de Rostov-do-Don estão sentindo o impacto das sanções internacionais?
Como vocês já podem ter percebido nas ruas, nós já encontramos uma maneira de sair dessa situação: desenvolvimento industrial, produção. Assim, qualquer sanção como as que estão sendo usadas como instrumento para pressionar a Rússia não vai resultar em nada.
Vocês têm medo de um ataque ucraniano?
Claro que há uma preocupação, pelo que ocorreu em Krasnodar, por exemplo. Estamos muito próximos da fronteira. Já vimos com que violência os militares ucranianos têm tratado os russos. Rostov-do-Don tem mais de um milhão de habitantes, por isso a prefeitura faz todo o possível em termos de segurança, e conta com um plano de emergência caso seja necessário.