A presidenta biônica da UNE foi ao tuíter acusar militantes de esquerda de racismo, pois um deles disse que ela é uma negra que está do lado da casa-grande. Chamo-a de biônica pois foi eleita num congresso virtual, com debate e validades nulos, ou seja, é uma presidenta imposta, bem como eram os senadores apontados pela ditadura, carinhosamente chamados de senadores biônicos.
Tirando o blá, blá, blá identitário, onde tudo que se crítica, automaticamente vira um ato de opressão sobre a identidade do criticado, somos obrigados a dar para a presidente biônica uma aula de interpretação de texto. “Negro que está do lado da casa-grande”, “capitão do mato”, “negro de alma branca”, não são expressões racistas. São ao contrário, expressões criadas pelo movimento negro, ou apropriadas por ele para criticar os traidores do povo negro. Ao dizer que uma pessoa é negra de alma branca, o cidadão diz que apesar de negro, ele defende os brancos, por isso alma branca, intenções brancas, política branca, interesses brancos. Dizer que isso é racismo é tão estúpido quanto alguém falar que chamar um operário servil de “pelego” é preconceito de classe.Visto o nível da colocação, eu prefiro pensar que a criticada não é tão limitada assim, e diz isso por má-fé.
Estabelecido que não é racismo, não por argumentação política, mas por uma questão de semântica, ou seja, conhecimento básico de história e do significado das coisas na língua portuguesa, devemos então provar o mérito da acusação à presidenta biônica.
Vamos bem devagar, afinal o frente-amplismo diminui capacidades cognitivas, o que é a casa-grande moderna? A casa-grande era uma forma de se referir aos senhores de escravos, quem é o senhor de escravos do dia de hoje? Se perguntarmos aos biônicos da UNE responderão sem pestanejar: todos os brancos. Erram ao falar isso. Existem brancos que vivem a repressão policial, que vivem a miséria e a fome, que vivem a exploração do salário mínimo de fome. Há brancos pobres, trabalhadores brancos. A opressão não parte deles, parte da burguesia. Esses burgueses, banqueiros e industriais, a esmagadora maioria são brancos, estes são os que mantém a miséria do povo. São eles que financiam a matança policial, são estes que lutam para manter o salário de fome, são eles que especulam e lançam os humildes às favelas. Bem, dito isso, podemos então prosseguir para a relação do PCdoB/UNE com a casa-grande.
Novamente, em passos de bebê, vamos olhar o caso literal, a moça da UNE realmente está ao lado casa grande. Veja esta foto dela com FHC. FHC é branco, é rico, é político dos banqueiros, é um tipo exemplo da “casa-grande”, ao lado dele, está Bruna Brelaz.
Rapidamente dirão os biônicos, mas se for assim todo mundo que está ao lado da casa-grande, bastaria ter estado, em algum momento, ao lado de alguém como FHC. Verdade, por isso, não pararemos no sentido literal da frase, vamos ao sentido simbólico da coisa, o de defender a política da casa-grande.
O PCdoB é o maior entusiasta da frente ampla, uma frente onde nós da esquerda esquecemos o que é a casa-grande, e damos as mãos aos senhores des escravos, para manter a atual democracia, ou seja, a escravidão em que vive o povo brasileiro. Nada nos une com a direita limpinha. Bolsonaro é um capanga malcriado da casa-grande, a direita limpinha é que são so senhores de escravos.
Bruna Brelaz é uma estudante pelega. Uma mulher pelega, uma negra pelega. Uma amazonense pelega. FHC faliu o Brasil, colocou negros e mulheres, em sua maioria, no mapa da fome. O PSDB luta para cortar o orçamento das universidades públicas, é o inimigo maior. Identitarismo não pode ser escudo para o peleguismo.