Vemos, nos últimos dias, intensificar-se a campanha, na imprensa burguesa e de parte da esquerda que defende a conciliação com os golpistas e inimigos dos trabalhadores, para que o PT atenda às chantagens do PSB e indique o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) para vice de Lula.
Caso isso se confirmasse, equivaleria à escolha de um novo Michel Temer – o vice que ajudou a derrubar a presidenta Dilma – para integrar a chapa do ex-presidente.
Alckmin é um inimigo histórico da classe trabalhadora e essa medida seria um duro golpe nas bases do próprio Partido dos Trabalhadores (PT), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dos movimentos populares (MST, CMP etc.) que são dirigidos pelo PT. Todos esses movimentos foram duramente perseguidos por Alckmin e seu partido.
O ex-governador foi denunciado nacional e internacionalmente pela ação violenta da Polícia Militar na reintegração de posse na ocupação do Pinheirinho (São José dos Campos); nos ataques aos estudantes que lutavam contra o aumento das passagens (junho 2013), dentre outros.
No ano de 2015, Alckmin se confrontou duramente com a nossa greve, dos trabalhadores da Educação. No primeiro momento, o governo estadual mentiu de todas as formas para deslegitimar o movimento dos professores por salários e condições de trabalho. Nunca negociou com os sindicatos, que por ele foram duramente atacados. Chegou até a cortar salários e a desobedecer decisões judiciais que proibiram esse tipo de prática anti-grevista. Naquele mesmo ano, mais uma vez, a repressão da PM foi feroz contra os estudantes secundaristas que protestaram contra as medidas de “reorganização escolar” anunciadas pelo ex-governador, que incluíam o fechamento de escolas e turnos. Graças à luta dos estudantes, a medida criminosa de Alckmin foi contida, mas circularam nas redes sociais diversas imagens dos PMs batendo em estudantes secundaristas e invadindo escolas amparados nas ordens do governador que agora pode se “travestir” de “socialista”.
Nós professores, como todos os funcionários públicos e os estudantes de SP, sabemos por anos de experiência que com Alckmin é com tiros, bombas e cassetetes que se trata o povo.
Seu histórico é digno de um criminoso, repressor e privatizador. Um vice desse tipo só serve para desmoralizar a candidatura de Lula diante de suas bases e do conjunto da população que o enxerga como uma alternativa eleitoral à direita golpista e ao bolsonarismo.
O tucano, que agora pode ir para a legenda de aluguel que é o PSB, atuou ativamente no golpe de Estado contra a presidenta Dilma. Portanto, é um dos cúmplices do violento retrocesso em que o País foi submetido.
Nos anos de 2015 e 2016, Alckmin forneceu apoio político e material aos atos coxinhas, inclusive com a liberação do metrô de São Paulo. Geraldo Alckmin esteve presente nos atos verde e amarelos que se destacavam pelas faixas à favor da intervenção militar, marcados pelo viés de extrema-direita, anticomunistas e contra o PT.
Quando a caravana de Lula foi atacada a tiros pela extrema-direita fascista, que procurava levantar a cabeça, o tucano justificou e disse que o PT “colheu o que plantou”. A prisão de Lula foi apoiada por Geraldo Alckmin e seu pupilo, João Doria, tendo inclusive tentado transferi-lo para o presídio de Tremembé como um preso comum.
A política econômica de Alckmin foi marcada pelas privatizações, instalação de pedágios nas rodovias estaduais, arrocho salarial para o funcionalismo público, austeridade fiscal, parcerias público-privadas.
A lista de crimes de Alckmin é muito maior. Trata-se de um político neoliberal, criminoso, repressor e privatizador que não tem nenhuma relação com os interesses do povo. O Partido dos Trabalhadores, os sindicatos e movimentos populares não devem aceitar Alckmin como vice de Lula.
Ao contrário desse verdadeiro “cavalo-de-Troia”, as bases do PT, da CUT e de toda a esquerda devem lutar por um vice de luta, que tenha participado da luta contra o golpe, pela liberdade de Lula, pelas reivindicações do povo.
Lula precisa de um vice contra o sistema e não a favor do massacre do povo.
Há na esquerda diversos nomes que podem cumprir com os companheiros João Paulo, do MST, ou a companheira Carmem Foro, trabalhadora rural, dirigente da CONTAG e secretária-geral da CUT.
A esquerda que apoia Lula e luta pelo fora Bolsonaro, deve se reunir e discutir a questão do vice e um programa de luta. Por Lula, por um governo dos trabalhadores, sem golpistas e sem patrões!