Vale tudo nas eleições, especialmente para a esquerda pequeno burguesa, que no desespero para ganhar cargos políticos, abandona seu programa e sua militância. Um exemplo esdrúxulo é o do candidato a vereador de Várzea Grande no Mato Grosso. Flecha, apelido do policial militar aposentado Edésio Francisco de Paulo, é o candidato do PSOL. Trata-se de um candidato escancaradamente bolsonarista, que defende não só a perseguição à esquerda, como o boicote dos serviços públicos. Mesmo assim, ele só está no PSOL porque foi o partido que deixou ele concorrer, ou seja, um partido de esquerda que serve apenas como cabide para candidatos de todo cunho político, capaz de fazer qualquer aliança para ganhar eleições, e inclusive, se submeter ao bolsonarismo e a política da direita.
“Sou do PSOL e sou Bolsonaro. Apoiei o presidente porque o meu partido é Brasil, não é partido vermelho. E o meu partido agora é Várzea Grande. Acima de tudo Brasil e Deus acima de todos e família”, argumentou o psolista da PM.
Entre as outras propostas do candidato, percebe-se a semelhança com qualquer zé ninguém fanático pela doutrinação burguesa e o bolsonarismo. Em seu discurso, além de prometer limpar a corrupção, promete “desmascarar essa saúde de Várzea Grande que é mascarada”, aqui o candidato do Partido Socialismo e Liberdade se compromete para ser um porta voz da denúncia contra o serviço público, seguindo o exemplo do bolsonarista Celso Russomanno em São Paulo, com o objetivo de privatizá-lo.
Ou seja, em nenhum momento, como em todos os discursos bolsonaristas, existe qualquer conhecimento político. Na realidade, o candidato serve apenas para atacar o patrimônio dos trabalhadores e encaminhar sua destruição.
Flecha também demonstra, novamente, a falta de critério ideológico do PSOL, que aceita qualquer vigarista. “Não é uma ideologia de partido que vai mudar o meu modo de pensar. Mas o PSOL defende isso, aquilo… Eu defendo o meu lado”, como se colocou quando apresentada supostas divergências dele com seu próprio partido.
Pois bem, não é necessário ser nenhum intelectual para entender que o PSOL é um partido de candidatos, e não um partido com candidatos para representarem seu programa. Assim, está disposto a fazer qualquer aliança suja e concretizar qualquer legenda para benefícios eleitorais. Na prática, o PSOL se mostra até pior do que o PT, o qual tanto critica na meta de ser bem quisto para a extrema direita, para assim colaborar com a política genocida de Bolsonaro e conseguir o máximo de capital político.
“A minha caneta é o 38 na mão do vereador Flecha, que vai fazer a lei e a ordem em Várzea Grande. Vou fazer o que manda a lei, dou minha cara à tapa. Dou tiro na corrupção. Cuidado, a lei e a ordem estão chegando em Várzea Grande”
Claramente, o candidato bolsonarista do PSOL evidencia que o PSOL não é pelo Fora Bolsonaro, pelo contrário, quando convém, por que não se unir ao governo genocida? Essa é a verdadeira face da frente ampla, cujo único intuito é fortalecer a ilusão eleitoral e pavimentar o caminho para o golpe e a fraude nas urnas. Neste caso, o PSOL se torna apenas uma mera legenda à esquerda, para fortalecer candidatos da extrema direita, e pior, lacaios do aparato repressivo do estado.
Não é uma novidade tal posição dentro da esquerda pequeno-burguesa, em pleno golpe de estado, por exemplo, o candidato do PSOL era o mesmo em Várzea Grande. Em sua campanha, bem como na atual, tem como proposta principal dar “um tiro na cara dos corruptos”. Não por acaso, de um partido que se diz falsamente como o principal na luta contra o golpe. Fica evidente, mais uma vez, que o PSOL apenas se aproveitou da campanha feroz da direita contra o PT sobre o invólucro da corrupção e da moralidade para golpear Dilma e prender Lula sem nenhuma prova.
É importante compreender que o PSOL, em conjunto a toda a frente ampla, é um partido que está se integrando ao regime político. Tal situação grotesca e criminosa, revela que o PSOL não tem uma linha ideológica definida. É tão descentralizado, que permite um candidato de Armínio Fraga, um coronel, um candidato bolsonarista, e o que mais a direita pedir. A denúncia é fundamental para compreender o que está em jogo com a ilusão eleitoral, uma enorme vitória e fortalecimento da extrema direita no País.
“A lei e a ordem” (repressão contra o povo) apregoadas pelos fascistas com o apoio de cabides eleitorais como é o PSOL, não será barrada pelo voto, muito menos, pelo voto em tais partidos que se consideram de esquerda mesmo não tendo princípio político algum. A frente ampla só existe para confundir a classe trabalhadora e abrir portas para a extrema direita.
Por isso, é preciso denunciar sistematicamente a posição contrarrevolucionária da esquerda pequeno burguesa, e com o PCO organizar uma frente concreta de luta – clara sobre o cunho direitista e fraudulento das eleições – contra Bolsonaro e todos os golpistas.