O recente debate sobre a formação de frentes para as eleições para a presidência da Câmara dos Deputados traz a tona o oportunismo político de diversos partidos da esquerda e uma enorme pressão para apoiar a escória da política nacional. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) não é um partido ‘diferente’ como se apresenta para a população.
O PSOL que sempre se apresentou como um racha do PT mais ‘ideológico’, que não se alia com a direita, sem conchavos e rabo preso tem uma aparência de combativo, mas sempre terminar de braços e abraços com o setor mais sujo da política brasileira.
Sempre foi assim, mas desde o golpe em 2016, o PSOL com ser ‘ar’ de radical foi pelo caminho de apoiar uma política direitista em detrimento da esquerda e da luta contra o golpe. No caso mais recente das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados está ocorrendo isso.
O PSOL encontra-se rachado em relação ao apoio ao candidato apresentado pelo bloco de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ainda não há um apoio formal ao bloco de Rodrigo Maia e segundo os caciques do partido estão em pleno debate e discussões acaloradas. Mas essa divergência, segundo os caciques do PSOL é apenas no primeiro turno, pois no segundo turno todos apoiam o bloco do golpista Rodrigo Maia contra o candidato de Jair Bolsonaro.
Isso porque Marcelo Freixo está em campanha externa ao PSOL e aberta em torno da candidatura apresentada pelo bloco de Rodrigo Maia. De acordo com o que publicou, Marcelo Freixo em suas redes sociais,
“Nós democratas temos o dever histórico de impedir a reeleição de Bolsonaro em 2022. E derrotá-lo na disputa para a presidência da Câmara dos Deputados é etapa fundamental nessa caminhada. É preciso ter a clareza de que a eleição de 2022 começa agora, com a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. Por isso é muito importante que o PSOL, um partido fundamental na defesa da democracia dentro e fora do Parlamento, demonstre maturidade e fortaleça o bloco democrático que está sendo construído para enfrentar Bolsonaro”,
A campanha de Marcelo Freixo é tão suja que utiliza das redes sociais e da imprensa golpista para pressionar setores do PSOL a apoiar Maia. Um debate que deveria ser travado dentro do Partido, Freixo realiza nas redes sociais e com memes e com a imprensa burguesa para que outra ala do PSOL fique intimidada com a companha.
A posição de Marcelo Freixo é a mesma da deputada federal e vice-líder do partido da Câmara Fernanda Melchionna. A deputada defende que o Psol integre o bloco que está sendo construído pelo atual presidente da Câmara, o golpista Rodrigo Maia.
E existem setores do PSOL que divergem dessa posição não porque estão apoiando um direitista golpista que é um cão de guarda de Jair Bolsonaro, pois engavetou todos os 52 processos de impeachment contra Bolsonaro e sim, precisam da um ar de esquerda apresentando um candidato de fachada do PSOL para apoiar o direitista Rodrigo Maia no segundo turno. Que no caso é o grupo ligado ao deputado federal Ivan Valente. Em matéria do jornal Valor Econômico, Ivan Valente afirma que as eleições vão ser decididas em segundo turno e o apoio do PSOL pode se tornar ainda mais valioso.
A divergência entre os dois blocos que se formaram dentro do PSOL sobre o apoio ao candidato de Rodrigo Maia na Câmara é extremamente secundária e revela um oportunismo sem tamanho. A dúvida é a apoiar a direita golpista no primeiro ou no segundo turno, ou seja, vão cair nos braços dos candidatos do golpe e pais de Jair Bolsonaro.
O exemplo do Rio de Janeiro
As eleições municipais deste ano no Rio de Janeiro mostraram bem que o PSOL sempre acaba nos braços da direita, em particular do partido da ditadura militar, os Democratas. Durante o primeiro turno das eleições, o PSOL se recusou a apoiar a candidata Benedita da Silva (PT) e lançou uma candidata sem nenhuma expressão e com as mesmas características da candidata petista: negra, pobre e moradora da favela.
Durante a campanha não se empolgou, mas quando foi para o segundo turno o bispo Marcelo Crivella e o “democrata” Eduardo Paes, o PSOL correu para dar apoio e realizar uma ampla campanha para “derrotar” o candidato de Jair Bolsonaro, Marcelo Crivella.
Antes mesmo da decisão do PSOL, Marcelo Freixo já declarava seu apoio a Eduardo Paes e aguardava a posição do partido em relação ao segundo turno numa enorme empolgação em “defesa” da democracia.
Outra figura importante do PSOL no Rio de Janeiro, o vereador Tarcísio disse pelo Twitter a mesma coisa que Freixo.
“A única coisa certa é que seremos oposição. Uma oposição responsável, que tem como foco o projeto de uma cidade feita por e para as pessoas. Amanhã, o PSOL decide de forma coletiva a posição do partido sobre o 2⁰ turno. Defenderei pelo CRIVELLA NUNCA MAIS!”.
São apenas dois exemplos que apesar de se dizer combativo, diferente do PT, que não faz alianças com a direita, o PSOL sempre acaba nos braços da direita. Esse é o histórico do PSOL desde a sua criação.
A foto famosa da então senadora Heloísa Helena em comemoração a derrota do PT na votação sobre a reforma da previdência ao lado de figuras da ditadura militar como Antônio Carlos Magalhaes (DEM)e outros elementos da direita brasileira, a recusa em lutar contra o golpe em 2016, apoiar a operação do imperialismo da Lava Jato e o juiz golpista Sérgio Moro, entre muitos outros fatos mostram uma forte tendencia do PSOL em seguir a política da direita. E não por mera confusão política, mas por interesses de cargos e recursos como vimos nas discussões entre a bancada do PSOL na Câmara.
Para se combater o bolsonarismo, a esquerda está se aproveitando e fazendo aventuras políticas que somente vão fortalecer a direita, seja ela do centrão ou do governo Bolsonaro, mas em nada a esquerda.
Essa é a política da frente ampla defendida pela burguesia brasileira e que o PSOL é um dos principais defensores dentro da esquerda. Não é por acaso que a burguesia está buscando de todas as maneiras mostrar o PSOL como “combativo” e uma alternativa moderna ao PT e ao ex-presidente Lula como vimos amplamente durante as eleições em 2020.