O jornal gazeta do povo, órgão de imprensa da extrema direita brasileira, publicou uma matéria criminalizando o aborto no último dia 30. O texto é a tradução do artigo de Tony Perkins, presidente da Family Research Council (Conselho de Pesquisa Familiar, uma organização americana “pró-vida” e “pró-casamento”), ridicularizando as campanhas realizadas pelos movimentos de mulheres em favor ao direito ao aborto, uma em específica “#ProChoicePup”, da organização NARAL em defesa dos direitos dos direitos democráticos nos EUA.
O exemplo desse caso do crescimento da direita “pró-vida” ocorrido nos EUA vem sendo seguido também no Brasil, onde tem empreendido diversos esforços na luta pela proibição do aborto em todas as situações.
A extrema direita e seu movimento antiaborto tem acumulado forças desde 2016 com o golpe e atualmente trava uma luta aberta e agressiva contra o direito parcial de aborto, se valendo do apoio e financiamento de diversos setores da sociedade, entre os mais entusiastas estão os veículos de comunicação tradicionais com uma fachada pretensamente democrática e os mais extremistas.
Temos acompanhado uma serie de esforços para “formar a opinião pública” e desenhar o Brasil como um país conservador e antiaborto. Diversas pesquisas têm sido feitas nesse sentido, o jornal Poder 360 e Paraná Pesquisas realizou uma pesquisa em janeiro que aponta que 79% do povo brasileiro é contra o direito ao aborto. Outra dessas pesquisas do famoso instituto data folha sugere que de dos países da América Latina o Brasil é o que menos aprova o direito ao aborto.
O curioso a respeito das pesquisas é o alarde a respeito da opinião das pessoas sobre o aborto, e principalmente o encobrimento dos números de aborto inseguro e mortes de mulheres que ocorrem todos os anos no país. O Brasil é um dos países onde mais se prática o aborto, mas segundo a tese da direita o país onde a maior parte da população é contrária ao procedimento.
O que a direita diz na realidade com a rejeição e a campanha antiaborto é que a vida das mulheres não significa nada para eles, uma vez que a maioria das mulheres que praticam o aborto são das classes mais baixa, negras e indígenas, que na maioria das vezes não o mínimo acesso ao sistema de saúde.
A política empreendida pelo governo brasileiro e apoiada pelas mídias é claramente assassina e deve ser duramente combatida. Acabar com a falsa ideia de que o povo brasileiro é reacionário e tarefa da esquerda e não será feito pela Globo, Folha de São Paulo, Estadão e nem Gazeta do Povo. É preciso que se leve essa discussão para as periferias e bairros populares e promover a organização delas pelo direito ao aborto com segurança.
A tarefa é da esquerda classista. O tipo de campanha promovida pelos movimentos de direito ao aborto, como a realizada pelo NARAL nos EUA são extremamente ineficazes no sentido de assegurar o direito ao aborto para as mulheres. Chama a atenção para a causa em um determinado grupo da classe média, porém não cumpre nenhum papel consequente na luta pelo aborto.
No momento em que o aborto sofre uma série ameaça, milhares de mulheres morrem devido a procedimentos inseguros é o momento de promover uma grande mobilização contra essa campanha da direita.
Criar um em um poderoso movimento de massas com poder de aglutinar as mulheres de todos os setores sociais, operárias, as mulheres da pequena-burguesia e todas as mulheres pela luta pelo direito ao aborto e demais direitos como igualdade salarial, creches, direitos trabalhistas especiais e outros, é preciso construir poderosas organizações femininas de massa e sair às ruas para combater a extrema-direita reacionária e lutar por seus direitos.