Neste dia 03 de julho está marcado um novo ato público nacional pelo Fora Bolsonaro. Após o vitorioso ato da esquerda nacional, em 19 de junho, que mobilizou, estima-se, 750 mil pessoas em todo o país, tornar o 03 de julho um ato vermelho, operário e popular, rechaçando assim a tentativa da direita de se infiltrar e sequestrar a mobilização para servir a seus fins, é a tarefa do momento.
A direita tradicional brasileira, ao se defrontar com a poderosa mobilização da esquerda, que expressou o grau de polarização política no país, ou seja, o deslocamento das massas ainda mais para a esquerda do espectro político, o que resulta em pouquíssima ou nenhuma margem para a atuação política da direita, que fica absolutamente sem nenhuma base, tenta a todo custo, com a anuência de setores da própria esquerda, se apropriar da manifestação.
Intentam domá-la, subverter seu programa e torná-la terreno sólido para a edificação política da chamada terceira via. A terceira via, nada mais é do que a tentativa da direita tradicional de reconquistar as condições políticas para governar sem a extrema-direita, sem ter de entregar-lhe parte substancial do poder político, resultado inevitável da polarização.
Essa política da direita, tem se mostrado nesse momento, sobretudo, em três aspectos principais: a tentativa de substituir o vermelho das manifestações pelo verde-amarelo, introduzir políticos da direita golpista no movimento como “aliados” e subordinar o movimento à luta pelo impeachment de Bolsonaro, que é o mesmo que subordiná-lo ao parlamento reacionário brasileiro e em especial à CPI da pandemia.
No último ato contra o governo, viu-se, como na avenida Paulista, em São Paulo, indivíduos que distribuem bandeiras do Brasil, setores da própria esquerda, renunciaram à suas bandeiras vermelhas para empunhar a nacional, como o caso do PCB e outros. Não se trata aqui de uma questão meramente estética, mas de uma questão política da maior importância. A introdução do verde amarelo é a tentativa de descaracterizar o movimento, tornando-o, não um movimento da esquerda que levou cerca de 1 milhão de pessoas às ruas, cujas reivindicações são claras e em defesa dos trabalhadores contra o conjunto da política neoliberal compartilhada por essa mesma direita e a extrema-direita bolsonarista, mas um movimento “cívico”, pela país, mesmo sendo esse direita os piores inimigos do país.
Pretende-se uma operação de substituição, tanto mais verde amarelo é o ato, mais elementos esquerda e das massas são alijados dela e mais elementos abertamente de direita são autorizados a participar, assim restringi-se enormemente o potencial de mobilização, tornando-a controlada e de acordo com os objetivos, não do povo mas da burguesia tradicional pra melhor barganhar com Bolsonaro ou mesmo substitui-lo no próximo pleito.
Com a preparação do terreno, mais e mais representantes políticos da direita tradicional irão, como já começam, se incorporar ao movimento, a imprensa capitalista os alçará à condição de líderes dos atos, de líderes populares. Subverte-se completamente o objetivo da mobilização, que deixa de ser aquilo que se pretendeu.
Outro aspecto fundamental da política da direita é submeter a mobilização à sua iniciativa política, para alguns setores da esquerda que advogam essa política de aliança com a direita, que o ato de 3 de junho será um apoio à CPI da pandemia e à nova acusação de corrupção de Bolsonaro na compra da vacina indiana. Esses fatores colocam o impeachment como objetivo do movimento. O Impeachment está completamente subordinado à direita no Congresso nacional, dar ao movimento esse objetivo é colocá-lo a reboque da direita.
A direita busca consolidar essa aliança, setores de esquerda estão propondo um novo pedido de Impeachment contra Bolsonaro, no qual assina, além da esquerda, direita e setores da extrema-direita como Alexandre Frota (PSDB) e Joice Hasselmann (PSL) a ser entregue nesta quarta-feira (30). A operação da direita, embora complexa, está de vento em popa.
A imprensa capitalista, principal articuladora desse estelionato, propagandeia que o impedimento está logo ali, basta que a esquerda se anule e mobilize suas bases para apoiar a direita no Congresso e na CPI. Falam que a oposição pretende discutir ampliar atos e manifestações pelo impeachment, assim no singular, juntando alhos de bugalhos. O senador tucano Tasso Jereissati, um dos grandes capitalistas do país, afirmou que se provada a corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, acredita sim na hipótese de impeachment.
Contudo, a verdade é bem outra, a burguesia até o momento não se decidiu pelo impeachment de Bolsonaro: ao contrário, tendem a levar o desfecho para 2022, finalmente Bolsonaro, mesmo sendo antiquado, é seu representante político. Assim o que a burguesia pretende é chegar na próxima eleição com uma base relativamente sólida que lhes permita disputar e manobrar para vencer.
Fica evidente para quem tem olhos para ver o objetivo da manobra, tornar o movimento base de apoio para os piores inimigos do povo. Esse é o caminho da derrota completa. Se o movimento trilhar esse caminho estará fazendo exatamente o contrário do que se propôs, sustentando Bolsonaro até 2022 e a direita.
Aqui reside a importância decisiva de lutar por atos vermelhos, operários, populares e independentes da direita. Quem levou cerca de 1 milhão de trabalhadores às ruas por Fora Bolsonaro foi a esquerda, bandeiras e seu programa de luta, permitir que os atos se tornem verde amarelos é expulsar das ruas a única força capaz de derrubar Bolsonaro, o movimento operário e popular organizado e as massas de trabalhadores.
Limitar o movimento ao impeachment, atrelando-o ao Congresso nacional e a CPI da pandemia é colocá-lo a reboque da burguesia tão ou mais nociva ao trabalhador que Bolsonaro. É preciso deixar claramente estabelecido que nosso movimento é pela derrubado do governo Bolsonaro nas ruas.
Os atos e o movimento devem se assumir exclusivamente vermelhos, ou seja, de esquerda, apresentar às massas o caminho a seguir. É preciso submetê-lo à vontade do povo e não da direita traidora, nesse momento o povo já deu seu recado: o povo quer Lula presidente.
Convocar o ex-presidente Lula para que assuma seu lugar de direito como líder do movimento fora Bolsonaro. É preciso lutar com unhas e dentes e passar por cima da direita e da frente ampla, os que querer atrelar o movimento a direita e com isso derrotá-lo, resultado inevitável. Somente com um ato vermelho, operário, popular, por fora Bolsonaro e Lula presidente poderemos desmontar a manobra da direita e reunir força capaz de derrotar Bolsonaro e todos os golpistas.
O ato de 03 de julho é decisivo para impedir o sequestro da direita, por ato vermelho operário e popular!