Na tarde de ontem (24), vieram a público algumas filmagens que mostram agentes da Polícia Militar reverenciando manifestantes da extrema-direita. A cena não representa uma novidade em si, visto que a participação de policiais e militares neste tipo de manifestação e a relativa popularidade dos agentes da repressão no interior da pequena burguesia fascista são comuns.
A repetição desse tipo de ocorrência, contudo, contribui para definir, mais uma vez, do que se trata verdadeiramente a política de “lockdown”. Isto é, a política de isolamento forçado, garantido por meio do uso da força do Estado, que vem sendo largamente defendida pela burguesia em todo o Brasil.
Em tese, o “lockdown” consistiria em uma série de medidas tomadas para impedir que houvesse circulação de pessoas nas cidades. Como o povo, de uma maneira geral, não tem condições de ficar trancafiado dentro de casa, pois grande parte mora em lugares extremamente precários e não pode parar de trabalhar para garantir sua subsistência, o “lockdown” só poderá ser empregado por meio da repressão. Isto é, na ausência de hospitais para tratar os doentes, de uma política trabalhista que permita os trabalhadores ficarem em casa sem ter seus direitos rasgados e de uma política social que impeça o povo morrer de fome, a direita só conseguirá de fato conter o fluxo de pessoas se utilizar a polícia.
A polícia, por sua vez, nunca esteve do lado dos trabalhadores — mas sim no campo oposto. Sua existência se deve à manutenção da ordem vigente; os interesses da polícia são os interesses da classe dominante. E isso se torna ainda mais evidente com o acontecimento revelado nas filmagens. Se a polícia está se valendo do “lockdown” para invadir casas, como fez na cidade de Mirabela, e provocar chacinas, como o fez no Complexo do Alemão, o mesmo comportamento não se repete nos atos bolsonaristas.
A Polícia Militar, inclusive, não apenas é inimiga do povo trabalhador como efetivamente constitui uma parte significativa da base social do bolsonarismo. Por isso, diante da farsa que é o “lockdown” à brasileira e diante da ação criminosa da Polícia Militar, é preciso defender a dissolução imediata da PM. É preciso, ao mesmo empo, organizar os trabalhadores para enfrentar a extrema-direita nas ruas — uma vez que a polícia não os irá defender — e, ao mesmo tempo, derrubar o governo Bolsonaro.