O Auxílio Emergencial do governo federal, que foi celebrado por toda a esquerda nacional como uma grande vitória de sua “luta” parlamentar, tem se revelado a cada dia que passa como uma gigantesca farsa.
O programa foi feito originalmente para auxiliar os setores da população que possuem empregos ou sub-empregos informais e cuja arrecadação caiu completamente durante a quarentena. A ideia do Auxílio era beneficiar vendedores ambulantes, diaristas, camelôs ou pessoas que ficaram desempregadas com a crise econômica advinda do isolamento social.
Um dos problemas principais é o valor, que é irrisório. O programa oferece para o seu requerente R$600 por mês durante três meses, o que não servirá nem para começar a pagar as contas que recaem sobre o trabalhador brasileiro, como aluguel, luz, água, medicamentos, alimentação, transporte etc. Ainda mais, porque, graças à crise, o preço de todas essas coisas tem subido apenas.
Como se não bastasse esse fator, ainda tem o fato de que existe uma dificuldade muito grande por parte dos trabalhadores de efetuar a inscrição no programa, para a qual é necessária um celular smartphone com conexão à internet, e também para obter o dinheiro do auxílio. Muitas pessoas que conseguem se inscrever não passam da fase “em análise” e muitas que são aprovadas não conseguem sacar o dinheiro, enfrentando filas quilométricas nas agências da Caixa Econômica Federal, inclusive em grandes aglomerações que as colocam em risco de se infectar com o coronavírus.
Como se não bastasse toda essa situação de humilhação à qual a classe trabalhadora vem sendo submetida, um levantamento feito pelo Instituto Locomotiva revelou que um terço das famílias de classe média do país requisitou o Auxílio Emergencial e 69% deles foram aprovados. São 3,89 milhões de famílias mais ricas que têm pelo menos um integrante expropriando o dinheiro que deveria ir para a população miserável.
A fraude feita por essas pessoas consiste em omitir a renda familiar do cadastro feito pelo site da Caixa. São jovens filhos da classe média ou esposas de empresários, que não satisfeitos em explorar ou ser conivente com a exploração da classe trabalhadora feita pela burguesia, ainda querem roubar deles a esmola oferecida pelo governo para que eles não morram de fome.
É preciso denunciar essa conduta absurda de certos indivíduos de classe média, mas também salientar que isso só ocorre porque o plano do Auxílio Emergencial foi elaborado com a finalidade de ludibriar a classe trabalhadora e “subornar” a classe média, que usa o dinheiro para completar a sua renda. Enquanto isso, o povo morre de fome e de coronavírus e se amontoa em frente às agências da Caixa Econômica Federal para lutar por uma esmola que lhe é negada todos os dias pelo governo e pelo processo cheio de obstáculos da inscrição por aplicativo.