Até que ponto os parlamentares, em especial os senadores podem ser “convencidos” a votar a favor dos servidores públicos contra o congelamento de salários através de uma mensagem eletrônica?
A persistente campanha da burocracia dos sindicatos dos servidores públicos, em particular do “combativo” Andes, em “inundar” a caixa postal dos parlamentares com mensagens não é nenhuma garantia de que as reivindicações dos trabalhadores do serviço público serão efetivamente conquistadas.
Trata-se de uma política de cortina de fumaça, para escamotear a completa ausência de mobilização das direções sindicais para fazer frente aos ataques desfechados pelos representantes políticos da burguesia e seus governos contra os servidores públicos.
Na realidade, a completa inoperância do Andes, não somente agora com o “isolamento social” em decorrência das medidas de quarentena, mas nos últimos anos, transformaram o sindicato nacional em um arremedo de representação sindical.
A diretoria do Andes estabeleceu como método permanente o fomento de um jogo de aparência, em que a “combatividade” é tão somente uma discurseira supostamente “revolucionária” contra “todos”, mas completamente inofensiva na prática, afastando cada vez mais os docentes da estrutura sindical.
Reduzida a praticamente a zero a atuação do sindicato nacional e das seções sindicais na defesa da categoria no momento em que o governo Bolsonaro ataca as universidades e os servidores, o Andes e a maioria dos sindicatos locais preferem estimular lives insonsas e campanhas despolitizadas de “solidariedade” do que efetivamente organizar a luta contra a direita.
O máximo que essa burocracia sindical parasitária consegue realizar são a publicação de notas virtuais e agora a “ campanha” pelo envio de mensagens para parlamentares. Essa paródia de luta sindical de maneira cínica é apresentada como uma “luta”.
A exclusão dos professores da lista das categorias dos servidores que terão seus proventos congelados no artigo 8 do Projeto de Lei Complementar (PLP) 39/20, do Senado ( substitui PLP 149/19 da Câmara) na votação no plenário da Câmara, ao contrário do que é propalado pela burocracia sindical, não foi devido aos e-mais enviados, mas pela crise política.
É necessário sublinhar ainda que o resultado dessa “luta“ do Andes no último período, mesmo antes da quarentena, é uma coleção de derrotas. Esse mesmo Congresso no ano passado simplesmente votou contra os trabalhadores e o povo brasileiro na chamada Reforma da Previdência de Bolsonaro, Maia e dos golpistas. Então, não somente é uma farsa como é ridículo fomentar a ilusão de que um e mail poderia “convencer” um parlamentar a votar contra o congelamento dos salários dos servidores.
Há que dizer que o envio de mensagens para parlamentares como “método de luta” não pode nem sequer ser classificada de lobby parlamentar. Os docentes precisam fazer um balanço e não cair na mais nova ilusão que devido a votação recente na Câmara da exclusão dos docentes do artigo 8 do Projeto de Lei Complementar (PLP) 39/20, ficar em casa enviando e-mais é uma forma de ” luta” privilegiada.
È preciso construir uma mobilização real para de fato derrotar a burguesia e seus planos de ataque.