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O Cafezinho, o rosário de Ciro Gomes

O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT), que foi contratado pela burguesia para confundir a esquerda durante as eleições de 2018, está cada vez mais isolado. Os inúmeros ataques ao PT e a seus vários acenos ao governo Bolsonaro desmascararam por completo os interesses por trás da candidatura cirista. No entanto, cinicamente, o portal eletrônico O Cafezinho permanece em intransigente defesa do pedetista.

No dia 10 de fevereiro, O Cafezinho publicou um artigo intitulado “Ciro vai à guerra” e assinado por Miguel do Rosário. Desde o ano passado, Rosário se tornou um dos principais defensores de Ciro Gomes, chegando até mesmo a escrever vários artigos atacando as organizações de esquerda que eram contra o “plano B” – isto é, a desistência da candidatura de Lula – e justificando as declarações mais direitistas do pedetista.

O artigo citado acima começa com a seguinte afirmação: “Ciro vem sendo atacado, sabotado, xingado, pelo PT desde o início de 2018”. O PT nunca xingou ou sabotou Ciro Gomes – não há nenhum registro de Lula, de Gleisi, da Direção Nacional do PT ou até mesmo de Fernando Haddad xingando ou atacando o pedetista. Por outro lado, apenas no ano passado, Ciro Gomes foi a público dezenas de vezes atacar o PT e sua principal liderança, o ex-presidente Lula.

Ciro Gomes afirmou que Lula não era um preso político, que o PT foi o responsável pela vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, que o PT era a mesma coisa que o PSDB etc. De fato, ataques não faltaram, mas as sabotagens foram igualmente numerosas. Ciro Gomes não convocou a militância do PDT a lutar contra a prisão de Lula em nenhum momento, lançou uma candidatura para dividir o movimento de luta contra o golpe e fugiu para não apoiar o candidato do PT no segundo turno.

Após acusar o PT de sabotagem, o que é, além de falso, puramente cínico, o artigo passou para sua segunda acusação: “durante todo o primeiro turno das eleições presidenciais, o PT voltou todas as suas forças, seus blogs, seus influencers, suas narrativas, contra o Ciro”. Novamente, a acusação é falsa, pois a política abutre de Ciro Gomes foi muito pouco denunciada pelo PT. Contudo, deveria ser incessantemente denunciada e duramente criticada, pois se tratava de uma nítida subordinação à direita golpista.

A terceira acusação levantada pelo artigo é a de que o PT “promovia a narrativa de que Ciro teria ‘fugido’, o que era uma maneira de chantageá-lo politicamente para dar um apoio mais explícito a Fernando Haddad”. O problema é que Ciro Gomes ter fugido não é uma “narrativa”, é um fato. Afinal, para um político tradicional, influente, que supostamente leva a Política tão a sério a ponto de querer ser presidente da República, o que justificaria sair do país durante a campanha eleitoral do segundo turno?

Embora o interesse em defender Ciro Gomes seja muito ardente por parte de Miguel do Rosário, nem mesmo ele consegue apontar o motivo da fuga de Ciro Gomes. Além disso, alegar que o PT chantageou o pedetista para apoiar Fernando Haddad só demonstra o caráter oportunista (abutre) da candidatura cirista. Se Ciro Gomes só apoia a esquerda contra a extrema-direta sob chantagem, então ele não tem nenhum compromisso real com os trabalhadores, nem mesmo com os direitos democráticos.

No meio do texto, Miguel do Rosário apresentou aquele que foi o verdadeiro motivo do artigo: “na Bienal da UNE, o PT organizou mais um ataque rasteiro a Ciro, uma provocação barata, sabendo que o ponto-fraco do ex-ministro é seu temperamento sanguíneo. A Juventude Petista vaiou, xingou, fez coro Lula Livre, impediu Ciro de falar”. Xingar e vaiar são atos completamente normais em qualquer atividade política. O que Miguel do Rosário deveria apresentar, no entanto, era o de por que os estudantes estariam errados em vaiar Ciro Gomes – isto é, deveria apontar que Ciro Gomes era um representante legítimo da luta dos estudantes. Ao invés disso, Rosário sacou um argumento que escancarou a total colaboração do cirismo com a direita: “mesmo se o palestrante fosse João Amoedo, seria importante demonstrar educação e ouvi-lo falar”.

Após apelar para “São Amoedo” para provar que o PT agiu de maneira errada, o artigo traz mais um argumento direitista para atacar a luta pela liberdade de Lula. Segundo Rosário, “o trabalhismo poderia ajudar a libertar Lula, mas o petismo prefere continuar apostando na estratégia fracassada da violência retórica, impotente, contra os tribunais. Fazem manifestações de rua para xingar juízes e depois fingem surpresa quando os juízes se irritam e aumentam as condenações”. Isto é, para os ciristas, lutar contra a direita para tirar Lula da cadeia não trará resultado algum, o que dará resultado é não fazer absolutamente nada.

Ao desenvolver sua tese mirabolante de que a ala lulista é a culpada pelas condenações arbitrárias de Lula, Miguel do Rosário chega a seguinte conclusão: “o judiciário tem que ser atraído para o campo progressista e não ser empurrado para a direita, a golpes de xingamento e ataques retóricos chauvinistas e vazios”. A liberdade de Lula, bem como a derrubada do governo Bolsonaro, não virá por meio do “convencimento” de juízes, mas sim de uma luta incessante, tenaz e intensa dos trabalhadores contra todos os golpistas. De outro modo, a única coisa que irá acontecer é o aprofundamento do golpe de Estado de 2016, que caminha rapidamente para uma ditadura explícita.

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