Os coxinhatos branco-vermelhos não foram suficientes para derrubar Lukashenko. Contra as manifestações da classe média de direita, milhares de pessoas saíram às ruas de diversas cidades de Belarus em apoio ao governo e em repúdio ao golpe.
A oposição também não foi bem sucedida nos seus chamados à greve. Os trabalhadores, em sua maioria, estão com Lukashenko. A Federação dos Sindicatos de Belarus é um dos pilares do governo e o líder reeleito tem mantido encontros frequentes com os operários em fábricas pelo país.
Diante da frustração, o imperialismo e seus fantoches da oposição e dos países satélites europeus iniciaram uma nova etapa na tentativa golpista: a asfixia econômica.
No último dia 19, o Conselho Europeu (órgão executivo da União Europeia) anunciou que vai aplicar novas sanções a Belarus, o que já havia sido aprovado pela UE no dia 14.
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É importante lembrar que o país sofre sanções internacionais há muitos anos, tanto dos países europeus como dos Estados Unidos, sob a famigerada desculpa da “violação de direitos humanos”. Desta vez, a desculpa é a mesma: a “ditadura” cujas eleições não foram reconhecidas pelo imperialismo reprime o seu povo.
Lukashenko é frequentemente comparado a Adolf Hitler, sendo tachado de o “último ditador da Europa”. Mas os adoradores de Hitler são justamente os opositores de Lukashenko, que usam a bandeira adotada pelos apoiadores dos nazistas quando a Bielorrússia Soviética foi ocupada pela Alemanha na Segunda Guerra.
A vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, Svetlana Alexievitch, que preside o “conselho de coordenação para a transição de regime”, órgão golpista formado pela oposição no exterior, negocia a asfixia econômica do país com a União Europeia, demonstrando como são vendilhões da própria nação aqueles que sempre se dizem “patriotas”.
Existe também uma campanha pela queda na cotação do rublo belarusso, a moeda local. A propaganda na imprensa golpista é forte, escondendo que todas as moedas das economias atrasadas (e mesmo de economias avançadas) estão em franca queda com a crise econômica mundial do capitalismo.
Além disso, a oposição tem feito apelos à população para boicotar os produtos nacionais e não pagar taxas, como relata nosso correspondente em Minsk, Tiago Carneiro. O objetivo disso seria obrigar o governo a recorrer à ajuda do FMI, o que seria submeter o país ao domínio imperialista.
Inicia-se, também, um processo de fuga de capitais. Algo que os brasileiros viram durante o processo golpista contra Dilma Rousseff entre a sua eleição (2014) e o impeachment (2016).
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Talvez prevendo esse ataque econômico, Lukashenko se protegeu ao ordenar o retorno de todas as reservas em ouro para o país, três meses atrás. Uma atitude inteligente, pois basta ver a situação da Venezuela (com mais de 1 bilhão de dólares em ouro confiscados pelo Banco da Inglaterra) para entender que não se pode confiar seu ouro nos bancos imperialistas.
Lukashenko denunciou na semana passada, discursando a trabalhadores de uma fábrica em Orsha, que o imperialismo trama um golpe de Estado. “Eles [os imperialistas] precisam remover este governo e instalar outro que apele para um estado estrangeiro enviar tropas e apoio. Eles precisam aqui de um mercado para vender seus produtos”, disse.
Tanto de fora, como de dentro do país, o imperialismo e seus quinta-coluna buscam asfixiar a economia de Belarus. Trata-se de um dos métodos mais tradicionais para se derrubar um governo. Isso foi visto no Chile de Allende, no Brasil de Dilma, na Venezuela de Maduro. Tenta-se fazer isso contra Cuba e Coreia do Norte há décadas.
No mesmo discurso, Lukashenko falou da sabotagem interna dos capitalistas contra o governo. “A maioria das empresas privadas começou a entrar em conflito com o estado”, declarou. É a velha tentativa de destruir a economia de um país a fim de colocar a culpa no governo, levar à insatisfação popular (principalmente da classe média) e utilizar isso como desculpa para impor mais sanções e, mesmo, invadir o país.
A esquerda internacional precisa denunciar o início de um bloqueio econômico contra Belarus, que prejudicará apenas o povo do país. Por sua vez, o governo precisa impor uma mão de ferro contra os sabotadores domésticos e confiscar as empresas que estejam atuando contra a economia nacional.