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Para dividir a esquerda

No Equador, o golpe sob a cobertura “indígena” e “ecossocialista”

Candidato aprovado pela embaixada estadunidense

Na última quinta-feira (11/02) o candidato à presidência do Equador, Yaku Pérez, junto com correligionários seus, realizou uma manifestação de protesto na frente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na cidade de Quito. A manifestação objetivou denunciar uma alegada fraude eleitoral nas eleições do último domingo.

Desde então seus apoiadores tem realizado manifestações de protesto em frente às sedes do CNE, mas não foram apresentadas provas de que realmente tenha ocorrido fraude. Ele pleiteou ao órgão eleitoral a recontagem de votos em sete das vinte e quatro províncias do país.

O vencedor da eleição no primeiro turno foi o candidato Andrés Arauz da coalizão União pela Esperança de esquerda e apoiado pelo ex-Presidente Rafael Correa. Arauz obteve 32,62% dos votos o que não foi suficiente para uma vitória no primeiro turno. Quanto ao segundo lugar houve uma disputa apertada entre os candidatos Guillermo Lasso do movimento Criando Oportunidades em aliança com o Partido Social Cristão que obteve 19,69% dos votos e Pérez do partido indigenista Pachakutik com 19,47%.

Apesar da tentativa do regime instalado no Equador de impedir uma candidatura de esquerda, a forte pressão popular garantiu a sua presença nas eleições. Andrés Arauz é um economista não muito conhecido que teria como vice-presidente em sua chapa Rafael Correa, o que foi rejeitado pelo CNE.

O candidato colocado em segundo lugar, Guillermo Lasso, é um banqueiro e é o favorito do mercado financeiro. A grande surpresa foi a votação obtida pelo candidato do Pachakutik. Pouco conhecido, reivindica a condição de ecossocialista e se coloca de maneira confusa se apresentando como de esquerda, mas desfere ataques à esquerda de seu país e da América Latina em geral.

Ademais, Pérez apoiou os golpes de estado na Bolívia e Brasil e as tentativas de golpe na Venezuela e na Nicarágua. Seus contatos com a embaixada estadunidense são notórios e fala-se mesmo que recebe assessoria do candidato banqueiro (Guillermo Lasso).

Ele lembra bastante a brasileira, eterna candidata à presidência, Marina Silva. Tudo indica que a presença de Pérez na eleição teve como objetivo dividir a esquerda, a fim de arrancar votos de Arauz e abrir caminho para uma vitória de Lasso.

Pérez, além de dizer que os governos nacionalistas do PT no Brasil e do MAS na Bolívia caíram por causa da corrupção, em um discurso coxinha, também tem participação no golpe no próprio Equador, em 2017.

Naquele ano, Lenin Moreno recebeu o apoio de Correa e concorreu contra Lasso. No segundo turno, Pérez declarou que preferia um governo dos banqueiros (Lasso) do que uma “ditadura” (bolivariana, como diz a direita, do correísmo). Curiosamente, Moreno traiu Correa e instaurou uma ditadura… dos banqueiros!

Além disso, Pérez tem apoio de setores indígenas. É importante lembrar que a burocracia das organizações indígenas traiu a insurreição de 2019.

Apesar da boa vantagem do candidato da esquerda nacionalista, Andrés Arauz, no primeiro turno destas eleições, uma vitória sua no segundo turno que ocorrerá no próximo dia 7 de abril está longe de estar garantida.

Pérez e Lasso já trocaram afagos e, dependendo de quem passe para o segundo turno, possivelmente será formada uma aliança entre toda a direita e a esquerda golpista de Pérez para impediu a volta do nacionalismo (que tem o verdadeiro apoio popular) ao governo. A pressão das ruas tornará uma vitória de Arauz mais provável.

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