As manifestações populares vêm aumentando gradativamente desde o início da quarentena.
Quando a quarentena foi decretada, a esquerda pequeno-burguesa embarcou de conjunto na campanha da burguesia do “fique em casa” e houve até mesmo setores que apoiaram a repressão aos que descumprissem a medida.
As direções sindicais e das organizações de esquerda também paralisaram suas atividades, justamente no momento em que a população mais precisava delas para se organizar e combater a política criminosa do governo Bolsonaro diante da pandemia.
Como a esquerda não se propôs a organizar e, na realidade, se retirou do cenário político, a população começou a sair à rua por sua própria conta. Os atos de rua aumentaram, principalmente os políticos. Essa tendência culminou em um protesto pelo “Fora Bolsonaro” em Brasília, que reuniu militantes de vários partidos de esquerda e que acabou colocando a extrema-direita para correr. Atos como esse certamente vão se multiplicar.
O Partido da Causa Operária já está se mobilizando nesse sentido, convocando atos em todos os lugares onde há intervenção.
Diante da escalada do número de infectados e mortos no Brasil, ficou claro o que já falávamos desde o início: ir às ruas tem risco de contágio; ficar em casa tem risco de genocídio. E agora ficou claro para todos que vai efetivamente ocorrer um genocídio se todos ficarem em casa esperando os governos tomarem alguma medida para combater o coronavírus. O Brasil já alcançou a marca de mil mortes por dia e já é o segundo país do mundo com maior número de infectados.
Diante disso, a ideia de que não é possível fazer atos e sair às ruas praticamente não existe mais. Agora é a hora de se mobilizar.
Além da pandemia, a situação econômica também se deteriora com rapidez inacreditável. É dever de todos que dizem apoiar as reivindicações populares, sair às ruas e apoiar essas mobilizações.
Em países onde o nível cultural e de politização da população é mais alto, isso já está ocorrendo. É o caso da França, onde, depois de um primeiro momento de hesitação, o movimento cresceu extraordinariamente, devido ao fato, evidentemente, de que o governo francês também não tem política para combater a crise, o que está levando a uma situação desesperadora.
Esses atos que estão ocorrendo são um fator extremamente positivo, que está quebrando o dique de contenção criado pelo apoio da classe média, inclusive de esquerda, à política do isolamento social parcial, ou seja, do qual não participa a esmagadora maioria do povo.
Essa política deve ser liquidada, principalmente do ponto de vista da esquerda. É fundamental intensificar o debate e ações políticas concretas.
Duas coisas são fundamentais. Primeiramente, expulsar a extrema-direita das ruas. Não podemos permitir que a pandemia seja uma oportunidade para que eles tomem conta da situação.
Em segundo lugar, está o problema do tamanho das manifestações e do seu caráter. Em muitos lugares, a etapa é de manifestações massivas. No Brasil, o período ainda é de multiplicar as pequenas manifestações que já estão ocorrendo, para futuramente podermos convocar uma grande manifestação pelo “Fora Bolsonaro” e por um programa de reivindicações que atendam as necessidades da população.