A luta política não está fora do regime político. Aqueles que encaminham toda miséria e repressão sobre o povo são os artífices deste regime. O STF, o Congresso, a Câmara, e todas as instituições que sustentam tal exploração, bem como todas as pessoas que as dirigem, os golpistas lacaios da burguesia, são os responsáveis pela política de horror e destruição no País. Esses, precisam ser profundamente repudiados. Entretanto, a esquerda segue sem ser esquerda, e prefere se aliar à direita e tentar garantir a vitória dos principais inimigos da classe trabalhadora, como é o caso de seu apoio ao candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara dos Deputados.
Não é nenhuma novidade que, para abandonar todos os seus militantes e qualquer programa que pode ser considerado de esquerda, os bem pensantes da esquerda pequeno burguesa utilizam-se do argumento de que é necessário se unir aos que colocaram Bolsonaro no poder, para derrubar a mesma figura. Assim foi na luta pelo Fora Bolsonaro, nas eleições municipais, e agora a demonstração perfeita nas eleições da Câmara.
Nesse caso, ficou ainda mais evidente que a política adotada pela esquerda é completamente uma farsa. Bolsonaro realmente declarou apoio a outro candidato da direita, Arthur Lira, do PP. Entretanto, mesmo segurando o semblante da luta contra o bolsonarismo ao apoiar Maia, diversos setores da esquerda também buscaram se aliar com Lira. Finalmente, o objetivo nunca foi lutar, ou pelo menos fazer uma oposição à extrema direita golpista e seu aliado Bolsonaro, e sim, buscar desesperadamente por um agrado dos setores fundamentais do regime político.
O deputado Rodrigo Maia, que agora é considerado o “menos pior” pela esquerda oportunista, foi um dos principais pilares de sustentação do bolsonarismo, e pior, foi muitas vezes a garantia de que Bolsonaro fosse o pior possível para o povo. Um bom exemplo, são os 56 pedidos de impeachment ao atual presidente, sobre os quais o próprio Maia está sentado, impedindo a sua tramitação na Casa que ele preside. Vários deles há mais de 500 dias e muitos dos quais endossados pela esquerda.
Sobre eles o líder do bloco integrado pela esquerda que agora encena uma “oposição” ao governo declarou que:
“Não é hora de pensar em impeachment. É preciso união para salvar vida a empregos. O presidente da Câmara decide pelo sim ou pelo não. Tenho que ter muito cuidado, isenção e equilíbrio.”
Maia, com o apoio do centrão, impede a tramitação do impeachment e busca dar andamento a que interessa aos banqueiros, Paulo Guedes e ao próprio Bolsonaro, como fez ao longo dos últimos 4,5 anos à frente da Câmara.
Maia também é um dos mais fiéis adeptos ao teto de gastos do Michel Temer, no governo de quem liderou a aprovação da famigerada reforma trabalhista. Foi também, segundo o próprio Bolsonaro o “general” da “reforma” da Previdência. Vale colocar, que o mesmo admitiu de público que votou em Bolsonaro em 2018, mesmo sabendo que tipo de deputado o ex-capitão havia sido durante anos na Câmara; obviamente, centralizado pela política da direita que buscava fraudar as eleições, impedindo a vitória da esquerda.
Mas a esquerda, inclusive o próprio PT, sacrifica suas forças políticas e declara apoio ao candidato que Maia escolher para à presidência da Câmara, usando como pretexto que se trata de defender o “mal menor”.
O DEM, PSDB, MDB, PSL e os outros partidos da direita que ele lidera no Bloco dos 11, são o mal maior, e toda frente ampla, que apoia cinicamente esse setores para ganhar algum benefício, acabam servindo – de fato – ao objetivo de confundir e desarmar a classe trabalhadora e abrir espaço para um candidato da burguesia na Câmara e na presidência do País.