O debate que se desenvolve no país em torno a bandeira do “Fora Bolsonaro” vem revelando episódios e situações que evidenciam cada vez mais claramente como se colocam as forças políticas diante desta importante e decisiva luta. De um lado, as organizações de luta dos trabalhadores, sua central, a CUT e os sindicatos, os movimentos sociais que aglutinam milhões de trabalhadores, que se colocam no terreno da esquerda, estão paralisados, com suas portas fechadas, sem que haja qualquer iniciativa consequente no sentido do retorno ao enfrentamento contra o governo.
Do lado da direita, os golpistas responsáveis pela eleição (fraudulenta) do atual governo encenam uma “oposição” à Bolsonaro, buscando controlá-lo e discipliná-lo, sem que haja qualquer disposição para apeá-lo do cargo máximo da nação.. Na verdade, trata-se de uma farsa aberta e sem disfarces, pois nem no aspecto formal, demagógico, se levanta, dentro da “Frente Ampla”, a bandeira do “Fora Bolsonaro”. Os neoliberais golpistas, da estirpe de FHC, assim como outros setores da “Frente” (Ciro Gomes, Marina Silva) não querem e não se colocam como opositores de fato ao presidente fascista.
A encenação teatral na “defesa da democracia”, que para si reivindica a “Frente Ampla”, não vai além de uma ação enganosa, muito mal engendrada, destinada a atrair determinados setores da esquerda, que ao se colocarem como apoiadores e integrantes da “Frente”, legitimam os mais pérfidas e brutais ataques dos direitistas neoliberais contra os trabalhadores e o povo brasileiro. Isto ficou patente na conduta dos setores que compõem a concertação política denominada “Frente Ampla” na votação da “Nova Lei do Saneamento Básico” (leia-se, privatização da água), onde os “convictos democratas”, a soldo do senador “Coca-Cola” Tasso Jereissati – aliado de primeira hora do camaleão Ciro Gomes – comandou o espetáculo da votação que irá deixar milhões de brasileiros morrerem de sede. Desta forma, a presença de setores de esquerda (Boulos, Haddad, Flávio Dino) na “Frente Ampla” é o verniz e a cobertura democrática para que os maiores antidemocratas continuem levando adiante sua política contrária aos interesses da maioria da população, os explorados e as masas populares.
O que se pode constatar, com os fatos e a evolução da conjuntura política nacional, é que todo o palavreado utilizado pelos iluminados da “Frente Ampla” que insinuam a defesa da democracia, supostamente contra os intentos golpistas e autoritários do presidente Bolsonaro, vem resultando no seu oposto, na medida em que não há qualquer ação, nem mesmo no terreno das declarações vazias, contra o governo Bolsonaro. Na prática – e isso é irrefutável – o movimento “Direitos Já”; Manifesto “Juntos; “Somos 70%” e outras iniciativas de setores que se arvoram como “opositores do fascismo” não se apresentam como oposição de verdade, de luta, dispostos à derrubada do governo de extrema direita, pois nem mesmo são favoráveis às medidas legais, democráticas, para o afastamento de Bolsonaro, como o processo de impeachment.
Destroçada nas últimas eleições, quando parte do seu eleitorado se deslocou para posições de extrema direita, apoiando a candidatura fascistóide do ex-capitão do Exército, a direita tradicional – golpista, reacionária e antidemocrática – busca se recompor para, nas próximas eleições se recredenciar como alternativa institucional, atraindo o apoio do eleitorado de esquerda. Daí a necessidade de isolar o PT e seu setor mais identificado com as massas populares, como o ex-presidente Lula, atacado por não ter assinado os manifestos e nem haver ingressado na “Frente Ampla”.
A “Frente Ampla”, empreendimento político enganoso, farsante, pérfido e abjeto deve ser implacavelmente denunciado e seus artífices, desmascarados como elementos golpistas, reacionários, direitistas, inimigos do país e do povo brasileiro.