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Caso Robinho

Jones Manoel, Robinho e PCO: na falta de argumentos, calúnias

O PCO se posicionou sobre o caso e apenas pontuou algo que já deveria ser tradição na esquerda: é preciso defender os direitos democráticos

Na última terça-feira (20), o youtuber, Jones Manoel foi às suas redes sociais para atacar novamente o PCO (Partido da Causa Operária), agora por conta do seu posicionamento em relação ao caso Robinho. O jogador foi acusado de violência sexual pela justiça penal italiana contra uma mulher de origem albanesa em 2013. O jogador foi condenado deste crime em novembro de 2017, cabendo recurso para mais três instâncias, enquanto isso, Robinho segue em liberdade, como é da tradição do direito civilizado, ainda que burguês. Recém retornado ao Brasil, Robinho assinou contrato com o Santos Futebol Clube e o assunto ressurgiu. Após uma grande pressão da imprensa capitalista e de empresários patrocinadores do clube, principalmente da Rede Globo, que chegou a apresentar áudios de escutas policiais que indicariam culpa do jogador. Após isso e um ultimato de empresas patrocinadoras do Clube, contrato suspenso entre as partes.
Onde entra a polêmica? O PCO se posicionou sobre o caso e apenas pontuou algo que já deveria ser tradição na esquerda: que não é papel da imprensa, empresas e entidades perseguir os criminosos fora daquilo que está previsto em lei, que devem ser respeitados os direitos da presunção de inocência, do trânsito em julgado, ou seja, a ideia de que todos são inocentes, aos olhos do Estado, até que seja provado culpado em todas as instâncias de apelação possíveis e, ainda, que que a pena deve ser sempre proporcional ao fato.
No entanto, na visão do pequeno-burguês embrutecido e tornado histérico pela imprensa capitalista, os direitos democráticos devem dar lugar à inquisição. Vejamos uma colocação característica deste gênero social:

“O PCO escreveu um texto bizarro, mentiroso e misógino defendendo Robinho. Um negócio na raia do inacreditável até para o PCO.
Eu já disse e repito: não tem graça, não é engraçado. Esses caras estão, abertamente, construindo uma cultura política delirante baseado num ultraconservadorismo com aparência e roupagem de esquerda, “marxista”.
Repito: não é engraçado. É uma desgraça. É uma vergonha para toda esquerda!”

Em primeiro lugar, é preciso apontar a completa má-fé do nosso crítico. Não estamos defendendo Robinho. Estamos defendendo um princípio legal e política que deve ser aplicado a todos.

A publicação de Jones Manoel crítica texto publicado na última segunda-feira (19), onde apontamos o óbvio: dar aos Sérgios Moro do mundo o poder de colocar as pessoas na cadeia sem o devido processo legal, é errado, e contraproducente para quem quer libertar o povo oprimido, mais ainda, é acompanhar as campanhas persecutórias da imprensa reacionária e da burguesia, vejamos um pouco do texto:

“Mas é preciso alertar que a esquerda pequeno-burguesa se anima com o processo inquisitorial, que defende que é preciso penas duras imediatamente. Como se isso fosse, em alguma vez na história da humanidade, promover a libertação das mulheres, que o sistema penal, justamente o sistema penal, fosse acabar com a opressão que a mulheres sofrem no sistema capitalista.

A moda da esquerda, e isso faz algum tempo, é passar procuração para o estado, controlado pela burguesia, para que ele promova as mudanças sociais, para que o negro, a mulher, e os outros setores oprimidos consigam ser absorvidos pelo regime.

Essa parcela da esquerda que pede penas, prisão, etc, promove uma incoerência política profunda. Essas questões de punições não modificam a sociedade e não melhoram a situação de ninguém. Esse método não libertará ninguém. A mulher, assim como os demais setores oprimidos da sociedade, não serão libertados pela PM, por juízes ou pelo sistema carcerário brasileiro. Qualquer apoio dado a esse sistema repressivo, desumano, caminha no sentido oposto da libertação das pessoas.”

Você, esquerdista, defende bandido

Colocado lado a lado, parece que Jones nem leu o texto. Mas leu, a histeria, e uma boa dose de má fé, parecem impedir uma avaliação fria do escrito. O que acontece é um caso clássico de uma classe média que não consegue desenvolver um pensamento crítico e independente da burguesia, sua imprensa e seus acadêmicos.
A burguesia promove uma campanha de destruição da imagem do criminoso, culpado ou inocente, e do nada, como se voltássemos aos tribunais de Tomás de Torquemada, defender que o Estado seja humano, que ele siga a lei, se torna defender o crime cometido. Essa é a ideia típica dos fascistas que acham que o criminoso não tem direitos, ou na boa linguagem bolsonarista: “direitos humanos para humanos direitos”. Para impor essa mentalidade que é comum à burguesia liberal e à sua ala mais carniceira, eles criam os precedentes com os casos mais fáceis. Um jogador de futebol, rico, ignorante e com comentários odiosos, num crime contra uma mulher indefesa.
Mas o que pedem Jones e os outros da esquerda histérica? Não falam abertamente, mas vamos esclarecer: que o jogador criminoso seja banido do futebol (ideia levantada pela Globo), que seja preso agora, que seja punido severamente.
Este não é nosso método, não é o método dos oprimidos. Defendemos que o estuprador pobre, não o jogador de futebol, não consiga emprego por seu passado? Defendemos que um lixeiro que assassinou sua esposa seja preso antes do fim dos seus recursos? Viramos bolsonaristas?
O direito é universal ou não é. O direito se não valer ao rico, ao poderoso, à figura pública, não valerá ao pobre. Vejamos o caso de Lula. A decisão de permitir a prisão antes do fim dos recursos foi feita para prendê-lo, na esteira da sua prisão, milhares começaram a ser encarcerados, tornou-se regra no judiciário. Os jones manuéis da época defenderam ficha limpa, mais poder para os procuradores fascistas como Dalagnol etc. A histeria de perseguição tomou conta de uma parte da esquerda que foi um dos pilares do golpe. O movimento Lula Livre pôs um freio a isso, reverteu o princípio, e junto com Lula restituímos um direito fundamental ao povo brasileiro.
Robinho não é criminoso político, é acusado de um crime comum. Não tem condenação definitiva, é, para todos, os efeitos, até o fim do processo, um homem inocente. Se condenado devemos então exigir pena justa, humana e todos os direitos que cabem a um homem condenado por este ou qualquer outro crime. Não somos bolsonaristas para pedir “punição exemplar” ou a destruição do criminoso. Para um socialista, a punição em si não é remédio para os males criados pela sociedade dominada pela exploração e pela opressão e o criminoso é tão vítima da sociedade como a própria vítima.
Nesse sentido, a famosa frase da direita: “vocês, esquerdistas, defendem bandidos” quando estamos defendendo os direitos democráticos do povo, nós a lançamos no lixo com total desprezo. A calúnia da direita contra a esquerda é usada agora por gente que se diz de esquerda.

Uma calúnia cômica

Jones Manoel nos chama de ultraconservadores misóginos, é até engraçado. Mas ao invés de divagar sobre o absurdo, passaremos a palavra a uma ultraconservadora e jurada inimiga das mulheres, a ministra Damares Alves:

“Cadeia imediatamente, não tenho outra palavra para falar. Ainda cabe recurso, mas o vazamento dos áudios, gente. Querem mais o quê? Cadeia. Nenhum estuprador pode ser aplaudido. O cara quer voltar para o campo para posar como herói”. O clube já reviu, e parabéns ao Santos por ter rescindido. Eu sei que ainda cabe recurso, mas acho que está muito claro. O vazamento dos áudios está muito claro, a forma como isso chegou para nós”

“Esse é um crime que não merece nenhuma consideração ao abusador, ao estuprador. A gente não tem que fazer concessão com esse tipo de crime. Tem que cumprir a pena que é estabelecida, ou lá ou aqui, imediatamente”

Como militantes da classe operária sabemos que todo direito e garantia é pouco, que toda punição por parte do Estado tem de ser regulada e contida, contra quem quer que seja. Se a esquerda quer fazer um indiciamento moral do jogador que se abstenha de usar o Judiciário para este fim. Neste debate Jones Manoel é um centrista, que não quer assumir a posição coerente no campo que está defendendo, este papel cabe à ministra de Bolsonaro, pois a política sendo defendida por este setores é a de Bolsonaro: o aumento desenfreado da repressão e da retirada de direitos, garantia e liberdades. Nisso, como em tudo, estamos do outro lado da trincheira.

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