O Japão foi um dos primeiros países a ser atingido pelo novo coronavírus. Embora tenha emergido como um dos poucos países que foram capazes de se opor à pandemia, o início do combate foi desastroso. A debilidade do governo foi notória ao lidar com o contágio no navio Diamond Princess. Se por um lado o grau de desenvolvimento econômico possibilita um controle mais eficiente, do outro temos o governo de Shinzõ Abe como empecilho.
Enquanto nos EUA e na Europa foram tomadas medidas extraordinárias, incluindo o fechamento de escolas, empresas, a proibição de grandes grupos de reuniões, bem como o controle das fronteiras, o mandatário japonês parece não se importar muito com a pandemia. Difícil saber qual o método de controle do governo japonês. Bem próximo, à oeste do país, na Coreia do Sul, a alta taxa e eficiência dos testes para o vírus juntamente ao rastreamento daqueles em auto-quarentena tem colocado a Coreia do Sul como um modelo a ser seguido. Os dados revelam a política errática de Abe.
Segundo dados do governo, na última sexta-feira (20) o total de pessoas infectadas com o novo coronavírus, excluindo as que o contraíram a bordo do Diamond Princess, superou 1.000 casos. Desde então, foram cinquenta e quatro novas infecções, elevando o número de casos de COVID-19 no país. Se incluirmos os casos confirmados entre passageiros e tripulação da Diamond Princess em quarentena perto de Tóquio em fevereiro, o número chega a 1.724. Ademais, foram registradas mais três mortes, também, na sexta-feira, o que eleva para 43 o número de mortos. Embora a imprensa se esforce para encobrir o avanço do vírus, das 47 prefeituras do Japão, cinco registraram mais de 100 casos.
A situação, portanto, está longe de se estabilizar, e as autoridades têm apontado o crescimento dos casos envolvendo a COVID-19. “Nos últimos dias, há mais de uma semana, temos visto um aumento”,apontava Yasuyuki Sahara, ministro assistente sênior do Ministério da Saúde, na noite de terça-feira (10) em entrevista coletiva. Já não é novidade a preocupação com as medidas tomadas por Abe, especialistas em saúde no Japão já haviam levantado preocupações acerca da abordagem do governo quanto à realização do teste. De acordo com Masahiro Kami, diretor executivo do Instituto Japonês de Pesquisa em Governança Médica, em entrevista à CNN, a taxa oficial de infecção provavelmente é apenas a “ponta do iceberg”. Caso chegue um surto maior, o sistema de saúde do país sofrerá um duro golpe. Devido à capacidade limitada dos hospitais, o ministério está incentivando apenas aqueles com sintomas graves a serem testados.
Não é difícil de estimar uma catástrofe social devido à paralisia econômica imposta pelos governos; difícil é avaliar o tamanho desta hecatombe. Aumento das taxas de desemprego e falência de empresas menores incorrerão, sem dúvida, num desmantelamento da atividade econômica. O governo do Japão, por sua vez, demonstra não saber agir em meio à crise. Não basta fechar estabelecimentos comerciais, é preciso um plano de ações para o combate; o que não temos visto.
Ao evitar a realização de testes, o governo japonês empurra a população em direção ao vírus. Sendo a terceira maior economia do mundo, era de se esperar um maior incentivo à realização de testes, porém, trata-se de mais um governo que prefere resgatar os bancos a evitar uma catástrofe social. É exatamente essa política que Guedes e Bolsonaro estão implementando no Brasil. Não há a possibilidade de a população fazer os testes, não há leitos, hospitais, equipamentos para os profissionais de saúde. É uma verdadeira barbárie!