A intervenção imperialista na Líbia, em 2011, com apoio da ONU e das tropas da Organização Tratado do Atlântico Norte (OTAN), resultou na queda do governo nacionalista de Muammar Gaddafi e na abertura do país para a penetração do capital estrangeiro, particularmente na área de extração de petróleo. A Líbia tem a sétima maior reserva petrolífera do mundo e a renda decorrente da venda do óleo era a base do crescimento econômico e distribuição de renda. O povo líbio desfrutava de condições de vida e infraestrutura superiores a diversos países, como o Brasil.
Com a queda de Gaddafi e sua execução, teve início uma guerra civil que se prolonga há 9 anos e que deixou um saldo de destruição do país e centenas de milhares de mortes. De acordo com a ONU, atualmente 20% da população líbia necessita de ajuda humanitária para sobreviver, 43 mil líbios já solicitaram refúgio em outros países e mais de 90% dos refugiados que atravessam o Mar Mediterrâneo em direção ao continente europeu saem deste país norte-africano.
A guerra civil é influenciada pela intervenção de potências estrangeiras, que buscam atuar para constituir um governo satélite aliado e, sobretudo, se apropriar do petróleo líbio. Dois grupos armados disputam o controle sobre o território, o Governo de Acordo Nacional (GAN), reconhecido pela ONU como governo oficial, e o Exército Nacional Líbio (ENL). A capital Trípoli está controlada pelo GAN.
Os Estados Unidos classificavam o governo Muammar Gaddafi como integrante do “Eixo do Mal”. Isso significava que este seria alvo de intentonas golpistas por parte do imperialismo norte-americano, que, por sua vez, conseguiu realizar a intervenção militar pela via da OTAN na esteira da Primavera Árabe. Os americanos se aproveitaram da situação convulsiva do norte da África e do Oriente Médio para avançar nos planos de golpe de Estado sobre os governos de tipo nacionalista, que eram vistos como um obstáculo para seus interesses estratégicos.
O exemplo da Líbia é ilustrativo das consequências catastróficas de uma intervenção imperialista, levada adiante sempre com o pretexto de defender “a democracia” em abstrato e libertar os povos “de uma ditadura”. Qualquer contradição que tenha o governo Gadaffi, em nada se pode comparar com a realidade da dominação imperialista, responsável por generalizar a miséria, matar centenas de milhares de pessoas e destruir toda a infraestrutura – escolas, hospitais, rodovias, sistema hídrico, indústrias, moradias – do país.
A guerra civil líbia pode ser colocada na conta do imperialismo e registrada em seu extenso prontuário de crimes contra a humanidade.