Nesta quinta-feira (19) a greve geral francesa, causada pela ameaça de uma reforma da previdência proposta pelo governo Macron, completa a marca de três semanas, concretizando uma radical greve de grandes proporções que vem parando um dos principais países imperialistas do mundo em uma série de setores.
Durante o decorrer destas semanas diversas foram as notícias em relação ao crescimento do movimento e a força popular que o abrangeu no desenvolvimento da luta contra o governo Macron. Vale lembrar como sempre, que esta não é a primeira vez que os franceses se rebelam em grandes manifestações contra o governo neoliberal, e sim que a greve geral com tais proporções é uma decorrência da radicalização política em toma o país em meio a crise.
O que é a reforma
Reformas da previdência na França sempre foram um objetivo da direita desde o início da política neoliberal. Já em 1995, a primeira grande tentativa resultou em uma greve geral histórica, demonstrando a impopularidade desta política. No entanto, no decorrer das décadas tanto os governos da direita quanto os “socialistas” promoveram leves alterações no sistema previdenciário, sempre temendo a revolta popular.
Contudo, agora o governo Macron resolveu encabeçar de vez esta política desejada pelos banqueiros e grandes capitalistas. A reforma proposta pelo governo consiste resumidamente em por um fim nos 42 fundos de pensão que há na França, cada um com suas próprias regras e utilizado por setores diferentes da sociedade, universalizando assim tudo em apenas um único sistema, com regras gerais e que cortam junto todos os regimes especiais, dado a diversas categorias de trabalhadores. O aumento para 64 anos como idade mínima também faz parte da proposta, que visará quebrar diversas conquistas sociais históricas dos trabalhadores franceses.
O primeiro recuo quanto a proposta geral veio com o estouro das manifestações, onde agora passaria a valer apenas para aqueles que nasceram após 1975. Porém, continuou o “incentivo” para aqueles que chegaram a idade minima vigente (62) trabalharem por mais dois anos para receber sua totalidade da previdência.
Dia 18, um dia de negociações
Após o país parar por completo, com praticamente todas as linhas de ônibus, metros e até mesmo voos sendo afetados, o governo francês decidiu recuar e, por mais que não deseje abandonar a proposta, resolveu por abrir negociações sobre alguns pontos.
Nesta mesma semana os sindicatos organizaram uma gigantesco apagão, que atingiu dezenas de milhares de casas, grandes empresas, prédios públicos, etc, uma prática muito tradicional das greves franceses que aos poucos, devido a pressão da imprensa, haviam sido abandonadas. A retomada destas práticas e o posicionamento mesmo daquelas lideranças mais moderadas refletem a gigantesca insatisfação popular que emerge de suas bases.
De acordo com pesquisas feitas por órgãos burgueses, a greve que iniciou com menos de 50% de aprovação, hoje, em vez de enfraquecer, aumenta sua popularidade para quase 60%, em uma grande onda de manifestação que tomou conta do país. Os dados oficiais do governo indicam que os últimos atos tiveram em torno de 600 mil pessoas, os grevistas indicam mais de 1 milhão. Independente de quais dados forem de fato verdadeiros, o tamanho das manifestações é inegavelmente estrondoso, fazendo todo regime político francês chacoalhar.
Inicialmente a burguesia mostrou sinais de temer que a revolta que supostamente estaria apenas focada no primeiro ministro, este que leva a frente a reforma, se direciona-se ao presidente Macron, já muito impopular no país. Querendo ou não, tal desenvolvimento já ocorreu, e agora Macron toma as frentes nas negociações, que no dia 18 falharam miseravelmente.
De acordo com os lideres sindicais, a greve só irá parar quando a reforma for abandonada por completo, e que se for necessário irão passar o Natal e fim de ano paralisados.
O governo Macron quebra a cabeça novamente frente a mobilização dos franceses, neste momento a população esta nas ruas contra o governo, demonstrando que como mesmo disse a burguesia durante o período dos coletes amarelos, essa crise até então amenizada uma hora ou outra iria voltar a estourar. O momento geral do mundo é uma situação de completa crise, que cada vez mais se aprofunda, para os franceses, assim como o restante da esquerda mundial, falta um programa para o poder, que guie esta revolta para resultados reais e não meramente paliativos. Fora Macron!