No final da semana passado o presidente ilegítimo Bolsonaro anunciou que o pagamento do auxílio emergencial será prorrogado até o fim do ano. Na verdade, apenas confirmou o que já havia sido anunciado pelas lideranças do governo do Congresso e projetado pela sua equipe econômica.
Logo em seguida parlamentares da base governista começaram a se movimentar para conseguir apoio a duas PECs (proposta de emenda à constituição), visando a destinação de verbas a manutenção do Auxílio Emergencial.
O deputado Kim Kataguiri do DEM quer aprovar uma mudança no teto dos ganhos do funcionalismo público. Hoje em dia o teto está em R$ 39.239,00, que é o quanto ganha um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Pela proposta do deputado o novo valor seria de R$ 6.101,06, que é o teto do Regime Geral de Previdência Social, o teto de pagamento das aposentadorias e benefícios do INSS.
Outra deputada, Carla Zambelli do PSL, propõe outra PEC sobre este tema. Sua proposta é uma redução de 25% nos salários de políticos, servidores e integrantes dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo que ganham mais de R$ 15.000 mensais. A proposta valeria por três meses, ou pelo período de duração da pandemia do coronavírus.
Na semana passada o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, manteve o veto de Bolsonaro que visa manter os salários dos funcionários públicos congelado até 2021.
Auxílio Emergencial
Bolsonaro, segundo o Datafolha, teria, em sua última pesquisa, aumentado de popularidade e uma das causas teria sido por causa do Auxílio Emergencial. Segundo o Datafolha 37% da população acharia o governo Bolsonaro ótimo ou bom. Fica evidente o caráter manipulativo da pesquisa, ligada à Folha de São Paulo, um dos órgãos mais representativos da imprensa burguesa. O objetivo do jornal é uma campanha pelo Fica Bolsonaro, pelo menos até as eleições de 2022 quando a direita pode ter a chance de eleger um novo presidente de direita ou mesmo de reeleger Bolsonaro.
É impossível pensar que o governo ilegítimo de Bolsonaro tenha tido um aumento em popularidade ainda mais quando o país chega à lamentável marca dos 110.000 mortos devido ao coronavírus, segundo país no mundo com mais mortes pela doença, uma comprovação inequívoca de que o governo é o maior responsável pela marca, já que não tomou nenhuma providência para conter ou tratar a doença. Só este fato seria o suficiente para desacreditar esta pesquisa.
Segundo o Datafolha um dos motivos pela melhora da imagem de Bolsonaro seria o Auxílio Emergencial. Por este o motivo o presidente anunciou a extensão da medida até o final do ano.
Mas as manobras que estão sendo feitas pelos deputados bolsonaristas não são para levantar fundos para o pagamento do Auxílio Emergencial. Que o governo tem o dinheiro não resta dúvida, já que em março deste ano, logo no começo da pandemia, os bancos privados receberam o valor de 1,2 trilhões de reais para o financiamento de crédito a pessoas e pequenas e médias empresas.
Portanto sabemos que dinheiro o governo tem e de sobra. O que as propostas de PEC de Kataguiri e Zambelli visam é outra coisa, é mais um ataque, desta vez sobre os funcionários públicos. Querem fazer os servidores pagarem pela crise, assim como o governo já tem feito com a população em geral, roubando diariamente os seus direitos, como aposentadoria, direitos trabalhistas, direito à saúde, direito à educação.
Bolsonaro fará sua habitual demagogia, desta vez usando a desculpa do Auxílio Emergencial para atacar o funcionalismo público e para isso contará com a ajuda da imprensa golpista. A pesquisa do Datafolha já foi o primeiro passo nesse sentido, o primeiro passo para uma campanha onde tentarão jogar a população contra os servidores públicos.
O objetivo maior de Bolsonaro com esta iniciativa é conseguir realizar a sua Reforma Administrativa, que ele tentou fazer no primeiro semestre e não conseguiu por falta de apoio. Em junho deste ano Bolsonaro declarou que a reforma seria realizada em 2021 e que era preciso fazer um “bom trabalho de mídia”.
A Reforma pretende mudar os direitos dos servidores federais, com a diminuição de salários, redução no número de carreiras, o fim da estabilidade e outros ataques aos direitos dos trabalhadores.
É necessário se opor a toda esta campanha, mais um episódio do ataque constante aos trabalhadores e da implantação da agenda neoliberal de Paulo Guedes e do presidente ilegítimo.