Ao anunciar o envio de Medida Provisória de congelamento de salários de todos os servidores públicos, o ministro Paulo Guedes dirigiu-se ao conjunto dos servidores públicos do Brasil afirmando que o “servidor não pode ficar em casa com a geladeira cheia, enquanto milhões perdem o emprego”.
Na impossibilidade de seguir o setor privado, onde empresas foram autorizadas pelo governo a quebrar contrato de trabalho e reduzir os salários em até 70%, ou então sumariamente demitir, a proposta do governo ao Congresso Nacional foi não reajustar os salários por 18 meses. No entanto, achou por bem, livrar algumas categorias do congelamento no reajustes de salários.
Dentro do Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus (PLP 39/2020), que previa o repasse emergencial, aos governos estaduais e prefeituras de todo o Brasil, o projeto legislativo, parlamentares resolveram deixar de fora do congelamento de salários, os trabalhadores da educação, os integrantes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, os guardas municipais, os agentes sócio educativos, os profissionais de limpeza urbana, de serviços funerários, da assistência social e os profissionais de saúde da União. Ainda fora do congelamento de salários os servidores da saúde de estados e municípios, os agentes da segurança pública e das Forças Armadas.
Bolsonaro promete agora, vetar a alteração feita pelos parlamentares. O congelamento de salários, até dezembro de 2021, o governo não quer exceção de nenhuma categoria. Arrocho amplo, geral, irrestrito, para todos. Bolsonaro quer mais. Quer que os governadores todos, assumam o compromisso de que concordam com o congelamento por um ano e meio. Quer que interfiram junto aos seus parlamentares, para que referendem o veto do presidencial. Não quer Bolsonaro, ver seu veto derrubado no Congresso Nacional.
Manobra o presidente, para juntos e misturados, governadores e presidente da república nas ações de congelamento de todos os reajustes salariais de todos os servidores públicos, pelos próximos 18 meses. É a contrapartida que o governo exige, pelo socorro a estados e municípios, no valor de R$ 60 bilhões que o governo promete dar aos governadores e prefeitos.
O repasse é de R$ 60 bilhões aos estados e prefeituras, mas o congelamento de salários dos servidores, retira da folha salarial do funcionalismo, não R$ 60, mas R$ 130 bilhões.
Para arrancar o compromisso dos governadores, o presidente pretende se reunir governadores nesta semana por videoconferência. A sugestão do encontro foi do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, feita na semana passada quando Bolsonaro, segundo ele mesmo afirmou, voltou a namorar Maia.
Estender aos servidores públicos a derrocada dos ganhos salariais de quem o emprego perde, é o desejo de Paulo Guedes, o ministro da Economia. Já que servidores demitidos não podem ser, que ao menos tenham seus ganhos congelados por pelo menos 18 meses, vaticina o ministro, sem mais delongas, que para os bancos não regateou no repasse de trilhões.
Deve achar um luxo, servidores terem geladeira cheia. Enquanto milhões perdem o emprego. Gostaria mesmo, Guedes, é que todos se equiparassem, não com a garantia de todos, emprego ter, mas o de todos demitidos poderem ser.
Há toda uma operação da burguesia para atacar os servidores públicos. Há um tempo a imprensa e a direita estão chantageando os servidores. Guedes não quer salvar vidas. Também não quer salvar servidores públicos. Guedes quer salvar os bancos.
Toda a direita está unida quando o assunto é atacar os trabalhadores.