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Roubo da aposentadoria

Governadores de esquerda promovem desmonte da previdência no Nordeste

Cinco governadores do Nordeste já aprovaram a reforma da Previdência em seus respectivos estados, o que os colocam na vanguarda do ataque às aposentadorias dos servidores.

A aprovação da reforma da Previdência no estado do Ceará, que aconteceu na última quinta-feira (19), confirmou o Nordeste como a região onde o ataque às aposentadorias dos servidores está se desenvolvendo de maneira mais fluida. Camilo Santana (PT) se tornou o quinto governador nordestino a ter sua proposta aprovada pelos deputados estaduais, seguindo os passos de Paulo Câmara (PSB-PE), Renan Filho (MDB-AL), Wellington Dias (PT-PI) e Flávio Dino (PCdoB-MA).

As reformas da Previdência nos estados são uma continuação dos já brutais ataques do governo Bolsonaro às aposentadorias dos servidores. Impulsionados pelos capitalistas, que querem desviar todo o dinheiro da Previdência para seus cofres, os governos estaduais elegeram os dois últimos meses para organizar mais essa ofensiva contra os direitos trabalhistas. Ao todo, nove estados já consagraram o roubo da aposentadoria de seus funcionários públicos, distribuídos da seguinte maneira pelo país: Nordeste (55%), Norte (11%), Sudeste (11%), Centro-Oeste (11%) e Sul (11%).

Como se pode ver, o Nordeste concentra mais reformas da Previdência do que todas as demais regiões somadas. Contraditoriamente, essa é a região que mais concentra governadores que se declaram opositores ao governo Bolsonaro. Dentre os nordestinos que atacaram a aposentadoria dos servidores, três pertencem à chapa PT-PCdoB, que foi a principal adversária de chapa vencedora, liderada pelo fascista Jair Bolsonaro. Os dois governadores restantes, por outro lado, foram eleitos com apoio explícito do PT.

A posição de vanguarda dos governadores do Nordeste em relação aos ataques à aposentadoria dos servidores estaduais é, na verdade, apenas a continuação de uma política que já havia sido anteriormente expressa por essa ala do regime. Em inúmeras oportunidades, tais governadores, que foram eleitos por uma base ativa, popular, que se dispõe a lutar contra o golpe e o fascismo, já haviam sinalizado que estavam procurando um acordo com o governo Bolsonaro em nome de condições estáveis para seus governos.

Todos os governadores do Nordeste reconheceram Bolsonaro como um presidente legítimo – embora seja esse um inimigo do povo pobre e um vigarista que ascendeu ao poder após uma escancarada fraude eleitoral. Durante a discussão sobre a reforma da Previdência nacional, frequentemente os governadores nordestinos declaravam publicamente que era necessário algum tipo de alteração na Previdência dos trabalhadores, favorecendo, assim, os capitalistas, maiores sonegadores da Previdência nacional.

Ceder às pressões do governo Bolsonaro, defender publicamente todos os seus ataques e castigar o próprio povo, em troca apenas da possibilidade de aplicar meia dúzia de programas sociais em seus estados, não é uma política que pode ser levada adiante pela esquerda. Afinal, o governo Bolsonaro é o governo da burguesia, o governo dos que querem assolar o país para salvar os parasitas que sempre impediram o desenvolvimento nacional. A única política viável é, portanto, aquela que se volte para a derrubada imediata do governo ilegítimo.

É preciso, portanto, que os trabalhadores e setores democráticos rompam com a política de capitulação e de adaptação ao governo Bolsonaro. Todos os acordos com a direita se mostraram, até aqui, desastrosos, e não têm razão para deixarem de ser. Atender aos interesses da direita apenas confunde e desmobiliza o movimento já incendiário de luta contra o golpe, permitindo que a extrema-direita avance.

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