Com a pandemia de coronavírus, a crise econômica, que já estava bastante agravada, se tornou ainda mais profunda. Mais de 700 mil empresas fecharam as portas definitivamente em todo o Brasil e empresas gigantescas em todo o mundo ameaçam entrar em falência. Nessas condições, os ataques da burguesia ao povo pobre e trabalhador deverão aumentar exponencialmente. Afinal, a única maneira de salvar, ainda que temporariamente, os negócios dos capitalistas é por meio da exploração de todos os povos do planeta, em especial os dos países atrasados.
No Brasil, isso é mais nítido que qualquer outra coisa. Os bancos receberam trilhões durante a pandemia de coronavírus, enquanto o Estado se eximiu de ajudar minimamente a população a combater a crise sanitária. Nem um único hospital foi construído no País. Ao mesmo tempo, dezenas de ataques trabalhistas foram disparados contra o povo: redução e congelamento de salários, demissões e a instituição da pena de morte nos presídios. Todo o patrimônio nacional foi posto à venda, incluindo aí a água!
Essa política extremamente agressiva da direita só poderá ser respondida pelo povo com a mais completa revolta contra o regime político Afinal de contas, protestar contra a direita passou a ser uma questão de sobrevivência. Exemplos disso são as manifestações nos Estados Unidos e os atos pelo Fora Bolsonaro, que tiveram uma grande radicalização em seu início. No caso norte-americano, o presidente de extrema-direita Donald Trump chegou a se esconder em um bunker, com medo de que o povo o arrancasse de sua residência oficial.
Uma vez que a tendência à mobilização é cada vez maior, uma vez que parte de uma necessidade real dos trabalhadores, a burguesia, bastante consciente de seus interesses, já prepara uma operação para esfriar completamente o potencial explosivo do povo. Por um lado, a direita procura sufocar a população com todo tipo de medida antidemocrática, incluindo aí a Lei das “fake news”, que impõe uma dura censura aos adversários do regime. Por outro, a direita procura se infiltrar na esquerda e nos movimentos populares, lançando mão da chamada “frente ampla”.
Cada vez mais grotesca, a “frente ampla” seria a aliança de setores da esquerda e das organizações do povo e a direita golpista. Isto é, uma aliança entre o povo e os inimigos do povo. O objetivo, obviamente, seria o de impedir que a mobilização se desenvolvesse e, assim, mantivesse o regime de pé. Trata-se, no final das contas, de uma tentativa de corromper ideologicamente um setor da esquerda com a oferta de um cargo a ser conquistado nas eleições municipais.
Ora, em primeiro lugar, a burguesia não respeita eleição alguma. Basta ver o que foi feito com Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Em segundo lugar, ainda que a esquerda elegesse um ou outro prefeito, que diferença isso faria, de fato, para impedir que a extrema-direita avançasse no regime? Os militares continuam tutelando o regime e todas as instituições permanecem nas mãos da burguesia.
A única classe verdadeiramente interessada na “frente ampla” é a burguesia, pois parte da política da “frente ampla” consiste justamente na retirada do povo das ruas. É preciso rejeitar completamente essa política de colaboração com os golpistas e intensificar a mobilização pelo Fora Bolsonaro.