Da redação – O Causa Operária TV Entrevista, transmitido pela Causa Operária TV, conversou com o médico brasileiro Walter Neto, especialista em Saúde da Família e com formação em Cuba. Ele integra o programa Mais Médicos.
“O Mais Médicos é um programa criado para preencher as lacunas históricas, os rincões do País, sobretudo devido à formação dos médicos brasileiros. O programa visou primeiro dar oportunidade aos médicos formados no Brasil, ele foi criado com esse fim, para que eles atendessem ao povo com mais necessidade. E essas lacunas para os médicos brasileiros não foram ocupadas.” Por isso houve o convênio com Cuba, disse.
A formação deles é a mais revolucionária e empática possível de que um ser humano pode ter dentro da área da Saúde. A diferença de formação comparada com a dos brasileiros é radical. A formação em Cuba é do médico bem perto dos estudantes, que passam por seis anos de formação (dois anos de ciências básicas e depois de ciências médicas). Em Cuba, o principal é ter a carreira integradora na medicina (que, para nós, seriam os médicos de família e de comunidade e lá é a medicina geral integral) desde o primeiro dia do primeiro ano de universidade. Ou seja, o estudante começa a consolidar sua formação como médico da família desde o primeiro dia, na prática, convivendo com o povo. Existe uma estrutura de saúde permitida pela Revolução Cubana que permite essa formação, lembrando que quando foi feita a Revolução muitos médicos opositores saíram do país, então sobraram muito poucos médicos. Por isso a prioridade da Revolução foi formar médicos e professores. “Os cubanos que estão na Universidade trazem isso do berço.”
Por outro lado, é muito importante a formação intelectual daquele profissional e ser humano. “O médico tem que ser um ser humano muito politizado e culto”, contou o médico.
“Eles deixam um legado enorme do que é a empatia de um profissional médico dentro da sociedade. Os indicadores mostram uma melhora com a chegada dos cubanos, principalmente em áreas mais vulneráveis, com, por exemplo, a redução da mortalidade infantil”, recordou.
“Cuba é um país socialista onde não existem universidades privadas onde o povo tem que pagar uma mensalidade absurda, como é o caso do Brasil”, afirmou. Em Cuba é o povo quem financia a formação dos médicos e de todo o mundo, porque a educação é pública. “O cubano tem uma formação cultural internacionalista e solidária e não se vê como um escravo trabalhando no Brasil, mas como um médico a serviço de sua Revolução, do seu povo” completou.
Walter Neto lembrou também que, no interior do Norte e Nordeste, sempre foram abertos editais de serviços públicos de saúde oferecendo melhores salários do que nas capitais e que nunca tiveram suas vagas preenchidas por médicos brasileiros. “Essas vagas deixadas pelos cubanos, acredito que não serão preenchidas e o povo vai ficar sem esse atendimento prestado pelos cubanos.” Além disso, a direita não está preocupada com o povo, que vai ficar sem médicos. “Espero que essa população, que foi durante tanto tempo defendida pelos cubanos, agora os defenda.”
Assista a entrevista na íntegra: