Segundo a Forbes, o setor de ensino à distância (EAD) deve movimentar cerca de 325 bilhões de dólares nos EUA até o ano de 2025. Ademais, segundo estudo da Sagah, em 2018, o EAD correspondia a cerca de 26% da educação superior brasileira. Todavia, até 2023, deve chegar a 51%.
Vale ressaltar a movimentação que esse tipo de aumento gera. No Brasil, a Voz e Dados, companhia especializada em cursos à distância, adquiriu o instituto GYZ que, também, é uma plataforma de EAD. Segundo Droander Martins, CEO da Vispe Capital:
O setor está em consolidação, além de estar crescendo forte e desta forma, está motivando outras movimentações de fusões e aquisições, como este exemplo na área da comunicação e ensino de Plataformas para Provedores de Internet
O tipo de projeção citado acima escancara o real motivo por trás do interesse no EAD por parte de setores da burguesia. É um tipo de sistema feito para gerar lucro, colocando o nível do ensino completamente em segundo plano. O fato é que a burguesia não está interessada em fornecer uma educação de qualidade à maioria da população. Muito pelo contrário: é bem melhor para eles que a classe trabalhadora não tenha acesso à uma educação de qualidade. Afinal de contas, isso diminui o preço de seus salários e gera uma horda de operários alienados, completamente à serviço da máquina capitalista.
Vale citar a infame frase do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) que, ao falar sobre o EAD, disse:
Se a pandemia trouxe algo de bom, é de avançarmos nas questões tecnológicas.
Além dele, é interessante analisarmos a frase do gigante empresarial, Jorge Paulo Lemann:
Eu sou muito otimista, acho que o interesse das pessoas pela aprendizagem online aumentou […] Será (a aprendizagem virtual) um equalizador do gap social.
Com tantos elementos da burguesia se colocando à favor do famigerado modelo de ensino, temos que, no mínimo, ficar desconfiados. Deve ficar claro o que o EAD representa. É, acima de tudo, um meio de privatizar e precarizar a educação pública. Afinal, os serviços serão terceirizados para empresas privadas de telecomunicação, sem contar na contratação de serviços de empresas como a Google.
Todo o discurso de que as grandes empresas lutam para que a maioria da população brasileira tenha acesso à internet para participar do ensino não passa da mais nojenta e perversa demagogia. Caso o empresariado brasileiro estivesse, de fato, interessado em resolver qualquer tipo de problema social no Brasil, doaria suas enormes fortunas para fortalecer o aparato público. Entretanto, fazem exatamente o contrário. Preferem empurrar suas agendas de privatização e garantir que a classe trabalhadora possa ser explorada não só fisicamente, mas também, de forma virtual.
A única forma de impedirmos a extinção da educação pública brasileira e, finalmente, a precarização total do ensino, é pela mobilização popular. Como em vários momentos da história, a juventude deve tomar vanguarda do movimento e colocar um basta nisso. Não podemos ficar sentados enquanto os grandes capitalistas desmontam todo o aparato de ensino na frente de nossos olhos. Nesse sentido, todos os estudantes do Brasil que estão sendo obrigados a participar deste distópico modelo precisam fazer greve. Somente a força estudantil pode acabar com esse projeto.