Após a aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados da reforma da Previdência, que é uma espécie de eufemismo para demolição das aposentadorias, a economista da USP, Laura Carvalho, publicou coluna na golpista Folha de S. Paulo, no dia 17/7, intitulada “A previdência pública sobrevive” para dizer que a reforma aprovada não foi “tão ruim assim”. Mais ainda, segundo ela, o texto aprovado pelos deputados pode até ser considerado uma vitória para a esquerda e as oposições.
Nas palavras dela, a reforma aprovada “deve ser avaliada como uma vitória política, não em debates travados somente em 2019, mas dos últimos três anos, dentro e fora do Congresso, desde que Temer apresentou uma reforma semelhantemente injusta como as alterações no BPC (Benefício de Prestação Continuada), aposentadoria rural e no tempo mínimo de contribuição.”
A economista Laura Carvalho foi a responsável pela coordenação do setor econômico da candidatura à presidência de Guilherme Boulos em 2018. A mesma já havia sido o nome cogitado pela campanha de Marcelo Freixo em sua disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2016 para a Secretaria de Fazenda.
Não cabe nesse artigo os detalhes da argumentação da professora da USP, mesmo porque é justamente aí que reside o erro da ideia geral exposta por Laura Carvalho. Trata-se de em primeiro lugar de uma completa ilusão de que através de uma pressão sobre o Congresso Nacional dominado por golpistas da pior espécie seria possível “melhorar a reforma”.
Mesmo se dermos o benefício da dúvida para os argumentos de Laura Carvalho, seria preciso dizer que as supostas melhorias que a oposição conseguiu no texto serão em seguida revertidas por uma manobra. É preciso ter claro antes de mais nada que estamos sob um governo que existe para demolir todos os direitos dos trabalhadores. Não existe possibilidade de pequenos benefícios quando aqueles que estão no governo estão dispostos a destruir todos os direitos dos trabalhadores.
Uma “melhoria” que possa se conseguir ali, é facilmente desfeita com apenas uma medida do governo.
Porém, o mais fundamental é o significado da posição de Laura Carvalho. Na prática, serve para desmobilizar a luta contra o governo e contra a própria reforma da Previdência. Se é possível, através de pequenas manobras no parlamento golpista, transformar a reforma em algo até certo ponto positivo para os trabalhadores, então para que a mobilização. Basta esperar pela benevolência desses tão democráticos deputados da direita.
Só podemos concluir, da posição política da economista ligada ao Psol, que podemos tranquilamente esperar as próximas eleições, sobrevivendo de manobra em manobra parlamentar, enquanto o governo coloca em prática seu plano de destruição do País.