O Jornal Washington Post em matéria de 19/04 aponta que a economia americana deve fechar o ano com queda do PIB de 5,9% e no trimestre a queda deve chegar a 30%. Isso na principal economia imperialista!.
A dívida das empresas e do governo irão chegar a níveis recorde. O déficit orçamentário do governo deverá chegar aos 4 trilhões de dólares (21,95 trilhões de reais). Esses níveis não aconteciam desde 1945.
O jornal ainda destaca que esse é o quadro mais que provável para 2020. E atribui o resultado à pandemia do novo coronavírus.
Agora a pergunta que não quer calar é, então antes da pandemia a economia estava equilibrada, funcionava bem? Se sim como explicar a enxurrada de ações de despejo que invadiu os EEUU a partir de 2008 com a crise do sistema hipotecário e as demissões em massa, e os baixos níveis de atividade econômica?
Há tempos alguns especialistas vêm alertando a existência de outra bolha financeira que estava prestes a estourar. Ao que parece a pandemia só acelerou o processo e fez com que a bolha estourasse de vez, pondo a nu a crise mortal do capitalismo, só comparável à crise de 1929.
Tal bolha não acontece por endividamento para custear a saúde dos povos para se cuidar do coronavírus. Acontece sim para pagar as dívidas anteriormente contratadas e em estado de inadimplência, devido à queda da atividade econômica generalizada.
O endividamento recorde privado não inclui apenas as empresas. Também fazem parte dela a dívida das famílias, com educação, saúde que é privada e muito cara, o desemprego, etc.
Os bancos já começaram a exigir o pagamento dos financiamentos estudantis e dos cartões de crédito, segundo o jornal.
Vê-se a tendência do sistema financeiro, que é a mesma situação em todo o mundo, cobrando dívidas dos trabalhadores, do povo em geral, enquanto pedem ao governo abrir mais linhas de crédito para as empresas.
A Reserva Federal dos EUA baixou as taxas de juros a zero e acrescentou 2 trilhões de dólares (10,4 trilhões de reais) à carteira de empréstimos. Segundo o jornal o equivalente ao mesmo valor que nos quatro anos seguintes à Depressão de 1929.
O mesmo jornal diz que alguns especialistas defendem que o governo deveria adotar medidas ainda mais ousadas para salvar a economia. Notem bem, salvar a economia.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) e o JP Morgan, indicam um quadro de “severa recessão” podendo levar a taxa de desemprego a 30%, aumento de 1 vez e meia a quantidade de execuções de hipotecas comparado ao período de 2008. É o que diz o jornal.
A grave crise que passa a economia americana, junto às economias do resto do mundo, acentuada pela pandemia, revela a total incapacidade do sistema capitalista. Ao não dar respostas no sentido de fazer voltar ao nível de desenvolvimento econômico global em época anterior a 2008. Deixa um quadro de devastação na renda dos mais pobres.
Na crise severa de 1929, sem falar das menores que se desenvolvem a partir dos anos 70,o capitalismo encontrou uma saída, a cópia do modelo soviético que em nada tinha sido atingido pela crise. Ou seja utilizando o estado como agente que contratava os serviços que fariam mover a economia.
Desde essa época o estado vem participando ativamente do desenvolvimento econômico, com seus gastos. Tais gastos foram substancialmente em produção de armamentos, que se tornou o carro chefe do desenvolvimento. E também nos gastos para reconstrução da Europa, destruída pela guerra.
Embora os liberais e neoliberais não toquem no assunto, o endividamento de todos estados nacionais seguiu a mesma lógica. Tal fato revela a origem do endividamento gigantesco que esses estados possuem hoje. De fato não são os gastos com benefícios sociais que explicam o endividamento, mas os que envolvem a ajuda às empresas privadas para custear o desenvolvimento econômico geral.