Semanas após a divulgação de que o maior partido político do país não iria lutar pelo “Fora Bolsonaro”, uma profunda guinada se deu no Partido dos Trabalhadores no último final de semana. Em postagem nas redes sociais, o ex-presidenciável petista Fernando Haddad publicou: “O verme, mais uma vez, diz a que veio. Até quando os democratas suportarão tanta provocação, sem nada fazer? O dia do fora já chegou!” Em resposta a mesma publicação, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann declarou: “Eu também acho @Haddad_Fernando, chegou a hora do fora Bolsonaro! O PT continuará esse debate em suas instâncias e não faltará ao país.” As postagens ocorreram no último domingo, 19 de abril, e foram precedidas por uma guinada à esquerda no maior sindicato da América Latina, a APEOESP, que reúne mais de 180 mil professores do estado de São Paulo. Em assembleia com 600 delegados ocorrida no sábado, 18 de abril, o sindicato aprovou “Fora Bolsonaro”.
A adesão à campanha pelo fim do regime golpista de Bolsonaro é muito positiva, e há que ser destacada de tal forma, porém é preciso continuar, transformar a palavra de ordem em uma ação concreta e nesse sentido, a esquerda brasileira precisa definir o plano de luta. Como “Fora Bolsonaro” vai se traduzir na derrubada do governo, de que forma a luta se desenvolverá, com quais forças políticas lutaremos, como a mobilização necessária para levar adiante tal empreendimento político concretizará, enfim, a sobrevivência do amplo conjunto da população brasileira, severamente ameaçada pela direita, que hoje se divide entre matar a classe trabalhadora pela fome ou pela pandemia, alternando apenas a ordem. Como, enfim, derrubar Bolsonaro e impor uma ofensiva da esquerda?
Até o momento, apenas um caminho mais concreto foi apontado por setores do PSOL e do próprio PT: o impeachment. Neste caso, a concretização da luta se daria dentro do campo institucional, e naturalmente, dependeria das articulações de bastidores do Congresso Nacional e da adesão dos fiadores do regime político brasileiro, as Forças Armadas. Isto, obviamente, pode prosperar mas é uma loucura. Com um custo político muito grande justamente por castrar o desenvolvimento da independência política das massas, que só pode se dar por meio de uma educação política baseada na própria experiência desenvolvida na luta, a elevação da consciência política, que amplos setores da esquerda pequeno burguesa reclamam estar em falta, permaneceria por um bom tempo em estado de letargia, o que cedo ou tarde, cobrará um preço.
Em outro sentido, há também a política mais segura e com eficácia atestada pela história, para efetivamente tirar a esquerda da defensiva, em que foi posta desde 2013: as mobilizações de massas. Este Diário da Causa Operária tem destacado a viabilidade desta forma de de luta, o meio que pode definitivamente acabar com o regime golpista de Bolsonaro, dando ampla publicidade a organizações tais como comitês de luta e conselhos de bairro, surgidos justamente da fortíssima disposição de luta existente entre a população, e que só precisa do trabalho militante de forças políticas dedicadas a instrumentalizar a profunda insatisfação popular contra o regime, manifesta de maneira cabal já no Carnaval de 2019 porém com manifestações ocorridas ainda antes da posse do golpista Bolsonaro.