O governo de São Paulo anunciou, nessa última sexta-feira (24), que as aulas da rede pública serão retomadas a partir de julho, com a ressalva de que será feito um rodízio de alunos e de que procurarão manter a distância entre carteiras e outras medidas de segurança. No entanto, não há nenhum indício de que em julho a situação já estará melhor controlada.
Isso mostra que a política dos governos de estado nunca foi sustentar a quarentena por muito tempo. No começo, fizeram demagogia com a campanha do “Fica em casa” com a finalidade de preservar a classe média e a burguesia das mortes que viriam com a contaminação. Tanto é que uma boa parte da pequena burguesia acompanhou cegamente essa política. Toda a campanha se tratava de uma farsa, bastando um olhar um pouco mais atento para notar que a classe operária ficou totalmente de fora da quarentena; as fábricas continuaram funcionando, assim como o transporte público, os correios, os serviços de construção civil etc.
Mas mesmo essa quarentena bastante parcial e minoritária será suspensa a partir do mês de maio, sem que tenha havido nenhum sinal de diminuição na epidemia ou perspectiva da descoberta de uma cura. Ou seja, a quarentena será suspensa apenas sobre a base da necessidade econômica da burguesia.
Por outro lado, na Itália, em que o desenvolvimento da epidemia já está em um estado mais avançado, tendo atingido seu pico há um tempo, inclusive dando sinais de desaceleração desde o começo do mês, o governo anunciou que irá retomar as aulas apenas em setembro. A reabertura gradual dos comércios irá ocorrer a partir do mês que vem.
É importante ressaltar que durante a pandemia, o governo italiano manteve as indústrias funcionando, seu sistema de saúde foi incapaz de dar conta dos infectados e teve que se enfrentar com diversas greves e revoltas de sua população. O que pode ser a razão que explica o maior cuidado na suspensão da quarentena.
No Brasil, a política dos capitalistas é tão mais vampiresca e desesperada que há até uma dificuldade em disfarçar a sua verdadeira intenção: mandar os trabalhadores para a morte. Foi feita uma quarentena de pouco mais de um mês e que contemplou uma minoria da população, sem proporcionar um atendimento médico de qualidade e de abrangência para toda a população, sem providenciar testes em massa e sem distribuição de materiais de necessidade como álcool em gel e máscaras. Agora, mesmo com a doença já fora de controle, estudam mandar todo o povo sair de casa e correr risco de vida. É preciso protestar contra a política genocida dos governos de direita e de extrema-direita, não só na esfera federal como nas esferas municipais e estaduais.