O diretório municipal do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) anunciou adesão aos atos de rua contra o governo Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido) programados para acontecer no dia 3 de julho em todo o País.
Fernando Alfredo, presidente do diretório da capital, explicou o motivo de o partido decidir participar após os atos de 29 de maio e 19 de junho, que levaram juntos mais de 100 mil pessoas à Avenida Paulista. No primeiro ato, cerca de 500 mil pessoas foram às ruas em todo o País. Por sua vez, verificou-se o crescimento no segundo, estimado em 750 mil pessoas em cerca de 500 cidades.
“A extrema-esquerda e a esquerda sempre tiveram esse ímpeto [de ir para a rua]. Mas a questão é todos unirem esforços contra um governo negacionista. Estarei lá no sábado e estamos dialogando com partidos como o Cidadania. A ideia é todos nós irmos com as cores da bandeira [do Brasil] e pregar o momento de união em torno do que prezamos: a democracia e a vida”, explica Alfredo, que acredita que o PSDB deve levar cerca de 2.000 pessoas para a Paulista”, declarou Fernando.
É preciso destacar que o PSDB foi o principal partido que dirigiu o golpe de Estado de 2016, que se materializou com o impeachment fraudulento da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Na sequência, os tucanos participaram em postos do primeiro escalão do governo golpista de Michel Temer (MDB), propuseram e aprovaram no Congresso Nacional as principais medidas de ataques aos direitos dos trabalhadores, tais como as “reformas” trabalhista, previdenciária, terceirizações gerais, congelamento dos investimentos públicos por vinte anos (2016-2036) e privatizações.
A Operação Lava Jato destruiu setores importantes da indústria nacional e influenciou decisivamente na eleição de Jair Bolsonaro, pois foi responsável pela prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro colocado no pleito de 2018 em todas as pesquisas eleitorais. O PSDB, por sua vez, cumpriu papel de relevo no apoio e sustentação da Operação.
Este partido, que agora quer sair às ruas contra Bolsonaro, é um dos pilares de sustentação do governo e participou na elaboração de todos os ataques aos direitos do povo, ao patrimônio e às riquezas nacionais. Por isso, não é bem-vindo nos atos e deve ser tratado como merece, se necessário, ser escorraçado por todos os meios necessários.
As duas mil pessoas que o PSDB pretende levar ao ato do dia 3 de julho são pessoas infiltradas, pagas para participarem dos atos, tal como ocorreu nas mobilizações de junho de 2013. A operação política da direita é desfigurar as mobilizações, expulsar a esquerda – principalmente o PT, A CUT, o MST, a CMT – e sequestrá-las em proveito de seus próprios interesses políticos. No momento atual, trata-se de destruí-los enquanto atos de luta do povo com reivindicações classistas e transformá-los em atos “contra a corrupção”, de cores verde e amarelo, de forma a capitalizar politicamente para um candidato da terceira via.
Se as organizações de esquerda adotarem uma postura conciliadora para com a direita e permitir essa infiltração, isso pode significar a liquidação do movimento pelo Fora Bolsonaro. A direita participou do ato político do superpedido de impeachment, protocolado na Câmara dos Deputados no dia 30 de junho, com figuras como Alexandre Frota (PSDB), Joyce Hasselmann (PSL) e Kim Kataguiri (DEM). O Movimento Brasil Livre, que se destacou nas mobilizações pelo impeachment de Dilma Rousseff, também discute a participação nos atos de rua. Os partidos de esquerda Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Unidade Popular pelo Socialismo (UP), Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido Socialista Brasileiro (PSB) assinaram o pedido de impeachment junto com os partidos e líderes da esquerda.
É preciso que os militantes da base dos partidos de esquerda, militantes da Central dos Movimentos Populares (CMP), os operários, estudantes, sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), sem-terra e sem-teto participem dos atos com suas cores e bandeiras para impedir a infiltração direitista nas mobilizações. O Bloco Vermelho é uma maneira de agrupar os militantes e as organizações de luta do povo para reafirmar o caráter classista do movimento.
Os inimigos dos trabalhadores e da esquerda, que promoveram a campanha de perseguição antipetista, direcionada para toda a esquerda, não podem ser tratados como aliados na luta pelo Fora Bolsonaro. Pelo contrário, eles devem ser impiedosamente denunciados e, se necessário, expulsos na marra com o uso da força física. O verdadeiro objetivo da participação da direita é destruir a manifestação, desmobilizar e impedir que o movimento de rua cresça e coloque em xeque o regime político golpista, dominado em conjunto pelo bolsonarismo e pelo bloco político do “Centrão” (PSDB, MDB, DEM, Progressistas, Republicanos, SD, PTB, PL).
O Partido da Causa Operária (PCO) denuncia a tentativa de infiltração direitista nas manifestações e não está disposto a aceitar a derrota do movimento Fora Bolsonaro. A derrota do movimento serve somente para fortalecer o governo Bolsonaro.