Na noite dessa terça-feira, 30/6, Danilo Pássaro, filiado ao Psol (Partido do Socialismo e Liberdade), e outros três integrantes do grupo “Somos Democracia”, apareceram em frente ao Centro Cultural Benjamin Peret (CCBP) , em São Paulo, às 22h, sem convite nem aviso, exigindo falar com o companheiro Henrique Áreas, membro do Comitê Central do PCO (Partido da Causa Operária). A ação ocorreu apenas dois dias depois da tensão no ato “Fora Bolsonaro” de domingo. O mesmo grupo já havia ameaçado o Partido de conjunto nos dias anteriores.
No próprio domingo, após o ato, houve um vazamento de um áudio nas redes sociais de autoria do próprio Pássaro ameaçando o partido. Reproduzimos aqui o áudio.
Transcrevemos também para facilitar a compreensão:
“Então irmão, o que acontece é o seguinte… quando tem uma manifestação, e tem diferentes grupos é o protocolo da Polícia ver com as diferentes manifestações qual vai ser o trajeto, como que vai ser, se vai ser unificado, etc… aí apareceu lá o tenente da polícia que é escolhido para ser o mediador com as lideranças, aí ele apareceu lá ele provavelmente foi falar com o maluco do PCO, aí apareceu o velhinho do PCO para falar com a gente, disposto a unificar as manifestações, e a gente deixou bem claro, irmão, ‘se quisesse unificar tinha que baixar a bandeira’. Agora vai ser esse ritmo mesmo… se quiser pode até replicar o áudio aí. Vai ser poucas ideias com esses caras, mano! A gente obviamente não ia arrastar ali na avenida Paulista, por conta de mídia, por conta da própria polícia também, enfim, mas esses caras tão tirando nóis. Se colar na nossa reunião, já sabe, eu já até deixei avisado, já avisei pro representante deles, a gente vai trocar umas ideia bonitinha e vai ser poucas ideia, tá pensando o quê, que nóis tá blefando? Então tá bom…”
O “representante” do PCO citado é companheiro Juliano Lopes, então presente no ato na Av. Paulista. Ali, ele foi avisado que o Pássaro queria “trocar ideia” com o companheiro Henrique.
Os militantes do PCO foram ao local para garantir a segurança de Henrique e dos presentes. Os poucos companheiros que estavam dentro do prédio mantiveram as portas fechadas, já precavidos das ameaças pregressas e estranhados com a presença no horário esdrúxulo. Ao chegarem os militantes, criou-se um bate boca.
O fato foi retratado em vídeo em transmissão ao vivo da Causa Operária TV. Na situação, o próprio Henrique estava ao vivo na Causa Operária TV.
Durante o bate boca, os 4 tentaram dizer que estavam lá para fazer uma visita e conversar. Nossos militantes responderam com a obviedade de que eles têm o telefone dos militantes do PCO, e poderiam fazê-lo de forma civilizada. Não sabiam que o áudio já era público. Vendo que não estavam em condições de fazer ameaça, retiraram-se. O acontecido terminou sem altercações físicas.
Atitudes como a de Danilo Pássaro têm de ser denunciadas como o que elas são: um método bolsonarista de fazer política. Sem sucesso em empurrar goela abaixo do movimento das torcidas o verde-amarelo, a paz com os fascistas (vide o acordo fechado entre eles sobre as manifestações na Paulista) e a política já vista em 2013 de abaixar bandeiras, recorrem à força e à intimidação. Não é a forma da esquerda, nem mesmo uma forma democrática.
O PCO não recuou diante de enfrentamentos com a extrema-direita; seus militantes não vêem sentido em recuar diante de setores da esquerda dispostos a empurrar goela abaixo, pela força, a política da Frente Ampla.
É preciso que todos os setores da esquerda façam uma clara distinção – esse não é o intuito dos torcedores e torcidas. Estes são do povo, são valorosos companheiros. É preciso separar militantes antifascistas de indivíduos com claras intenções oportunistas e eleitorais. Os torcedores tomaram as ruas para enfrentar os bolsonaristas de camisa amarela e sua ditadura. Não saíram às ruas para vestir a camiseta amarela, fazer acordos com a direita, ameaçar e intimidar militantes de esquerda.
Em um momento em que as organizações de esquerda como o PCO, o PT, os partidos de esquerda todos, as torcidas, sindicatos e organizações populares estão sob grave ameaça do fascismo, é preciso ter especial atenção em relação a esses métodos de gângsteres na política, principalmente na esquerda, e é preciso extirpar isso do movimento imediatamente.