A questão colocada nesse momento é: Bolsonaro será derrotado pelas ações no Congresso, discursos, CPI’s etc., ou pela mobilização popular?
Quem acredita que Bolsonaro será derrotado por meios institucionais não está levando em conta que foram as instituições que colocaram-no lá e o sustentam. Se estas, em um momento de crise aguda, decidirem substituir Bolsonaro, o farão no sentido mais reacionário e antidemocrático possível. É algo que sequer está colocado nesse momento.
Temos uma situação em que as instituições, na sua maior parte, estão dando apoio a Bolsonaro e permitindo que ele evolua para uma reformulação das instituições e do Estado em um sentido francamente ditatorial.
Isso significa que a única maneira de tirar Bolsonaro do poder é através da mobilização do povo – não da mobilização da burguesia. Isso coloca duas perguntas fundamentais:
A primeira: a burguesia quer a mobilização do povo contra Bolsonaro? A resposta é simples. Não!
A burguesia não pode controlar a mobilização popular se esta for realmente uma mobilização – e não a farsa dos atos contra Dilma Rousseff, por exemplo.
A mobilização popular dará lugar imediatamente a uma série de problemas políticos que a burguesia não quer enfrentar. Por exemplo, o surgimento de reivindicações econômicas que se dirigem contra os aliados burgueses e direitistas da luta contra Bolsonaro e o conjunto da burguesia; bem como reivindicações contra o total descontrole do coronavírus pelos governos.
Se essa mobilização se desenvolver será tanto contra Bolsonaro como contra Doria, Witzel, Zema, todos os governos burgueses, porque nenhum deles tem apoio popular. A mobilização colocará todos esses governos em crise.
A segunda pergunta é: o que esses setores, que são contra a mobilização popular, teriam a contribuir se, por um acaso, colocassem-se a favor da mobilização do povo? Nada!
Não controlam sindicatos de luta. Têm relação apenas com sindicatos que são uma espécie de camisa de força contra o trabalhador. Não têm relações com entidades estudantis de luta, não têm relações com o povo que se mobiliza em lugar nenhum. A relação que conseguem estabelecer com o povo é aquela na qual a atitude do povo é completamente passiva – a relação do clientelismo, da repressão, da intimidação.
O que Doria vai fornecer em termos de mobilização popular contra Bolsonaro? Nada!
Wilson Witzel – que disparou de helicóptero nas favelas do Rio – vai conseguir falar em um ato verdadeiramente popular?
São aliados que não têm nada a contribuir no essencial da mobilização contra Bolsonaro que é a luta popular.
O que vai acontecer com essa frente “anti-Bolsonaro” – sequer está definido que sejam mesmo pelo “fora Bolsonaro” – é que vão conter a luta em todos os momentos. Isso e somente isso.