Na última quinta-feira (19), Camilo Santana (PT-CE) engrossou a lista de governadores que conseguiram uma reforma da Previdência em seu estado. Apenas no Nordeste, antecederam Santana os governadores Wellington Dias (PT-PI), Paulo Câmara (PSB-PE), Renan Filho (MDB-AL) e Flávio Dino (PCdoB-MA). Com a reforma, que acabou de ser aprovada em votação na Assembleia Legislativa do Ceará, a pensão por óbito deixará de ser integral (100%) e passará a pagar 60% da média salarial e a idade mínima de aposentadoria de servidores homens subirá de 60 para 65 anos, entre outros profundos ataques ao funcionalismo público.
O roubo da aposentadoria dos servidores foi aprovado em meio a protestos da categoria. Já na quarta-feira (18), os trabalhadores foram violenta e covardemente reprimidos pela Polícia Militar do Ceará. O mesmo aconteceu no dia 19, durante a sessão fatal na assembleia. Agentes do Batalhão de Choque utilizaram bombas de efeito moral para impedir que os manifestantes simplesmente exercessem seu direito de entrar na casa.
O verdadeiro circo de horrores que significa a essa reforma da Previdência é até esperado no Brasil pós golpe, que é dominado por vigaristas de norte a sul. Chama a atenção, no entanto, o fato de ter sido proposta, defendida e articulada por um governador filiado ao maior partido de esquerda da América do Sul. Isso, no entanto, não é exclusividade do Ceará: Flávio Dino (PCdoB-MA), Paulo Câmara (PSB-PE), Renato Casagrande (PSB-ES) e Renan Calheiros (MDB-AL), embora não pertençam ao Partido dos Trabalhadores (PT), foram eleitos com seu apoio. No Piauí, o petista Wellington Dias forneceu o modelo utilizado por Camilo Santana: reforma aprovada em regime de urgência e muita truculência policial.
Conforme analisado por este diário anteriormente, o empenho dos governadores de oposição ao governo Bolsonaro em aprovar as reformas da Previdência em seus estados os colocou na posição de vanguarda dos ataques à aposentadoria. Essa política vergonhosamente capituladora, que busca se adaptar às exigências da burguesia, deve ser descartada decididamente pelos trabalhadores. Não se deve, sobre isso, ter qualquer razão: agraciar os golpistas seguindo seu programa apenas fortalecerá o avanço da extrema-direita.