Encerrou-se na última sexta-feira, 02/08, o 30º Congresso Nacional dos Funcionários de Banco do Brasil (CNFBB), ocorrido em São Paulo capital. Paralelo ao Congresso dos funcionários de BB, ocorreu o, 35º Congresso dos Funcionários da Caixa Econômica Federal (Conecef). As duas atividades precederam o Encontro Nacional dos Bancários, que iniciou-se na noite da sexta-feira e vai até este domingo.
Os congressos se deram no marco de uma profunda ofensiva do governo fascista de Bolsonaro contra os bancos públicos brasileiros. De acordo com fontes oficiais, de janeiro para cá o governo já se desfez de mais de 16 bilhões em ativos do BB e da CEF e agora se prepara para vender as subsidiárias desses bancos. Como não poderia ser diferente o encolhimento dos principais bancos públicos do país favorece diretamente os bancos privados. Nesse se sentido, foi emblemática a declaração do presidente do Itau, Candido Bracher, “Isso deixa a situação macroeconômica do Brasil tão boa quanto nunca vi na minha carreira”.
Na mesma medida da ofensiva contra o BB e a CEF, intensificou-se, também, o ataque contra o conjunto do funcionalismo. Desde a destruição dos planos de saúde, passando por descomissionamentos sistemáticos, restruturações internas que implicam em planos de demissões voluntárias, fechamentos de postos de trabalho, assédio moral, o avanço contra o conjunto do funcionalismo tem sido uma constante desde o golpe de 2016 e ganhou, com o governo fascista de Bolsonaro, uma expressão ainda mais macabra.
Diante de tamanha ofensiva da extrema-direita seria de se esperar que os congressos fossem ponta de lança para uma contra-ofensiva dos trabalhadores, a sua organização e mobilização para a luta. Isso não ocorreu. Na realidade, os congressos expressaram de forma bastante nítida a indecisão das direções sindicais bancárias em travar uma luta decidida contra o golpe e por consequência contra a destruição dos bancos públicos.
No CNFBB foi patente a política de freio-de-mão puxado por parte dos dirigentes, a começar pela própria organização do Congresso. O 30º teve aproximadamente 200 delegados, cerca de 1/3 dos delegados presentes no Congresso anterior, ocorrido em julho de 2018. Quer dizer, em um momento em que avança o golpe contra os bancários, mas que ao mesmo tempo aponta uma tendência a uma reação do conjunto dos trabalhadores e da juventude, como vimos nas grandes mobilizações de maio e na greve geral de junho, diminui substancialmente o número de delegados, transformando o Congresso quase que em um congresso de dirigentes sindicais, com pouquíssima participação das bases.
Ao invés de 200 delegados deveriam estar presentes dois, três mil bancários. Se o problema é o custo, vamos baratear o Congresso, transportar os trabalhadores de ônibus, alojar em quadras de esporte.
O problema não ficou apenas por aí, a pauta apresentada para discussão engessou de tal maneira o Congresso que questões determinantes para a luta dos trabalhadores bancários ocorreram no afogadilho, sem um efetivo debate, como foi, por exemplo, a questão da posição do Congresso com relação ao governo Bolsonaro. Foram priorizadas questões específicas dos funcionários do BB, sem dúvida muito importantes, mas que estão absolutamente condicionadas à política de enfrentamento com o governo.
O Congresso girou em torno de painéis sobre os temas da Previdência privada e complementar, Reestruturação do BB e o Plano de Saúde – Cassi. Embora sejam questões cruciais para o funcionalismo do BB a discussão deveria se dar a partir de uma posição de uma tomada de posição com relação à situação política, ao governo golpista de Bolsonaro e questão da luta pela liberdade de Lula e não o contrário, como ocorreu.É muito pouco provável que um segmento de uma categoria, seja capaz de promover uma mobilização para barrar a destruição do banco pelo governo e destruição de conquistas históricas dos trabalhadores partindo de questões específicas. Isso já aconteceu inclusive com questões mais ampla como a “reforma trabalhista” e a “reforma” da Previdência, aprovada em 1º turno pela Câmara dos Deputados.
O ponto positivo do Congresso foi a aprovação da Campanha “Derrotar Bolsonaro nas ruas” e lutar pela “Liberdade de Lula”. A questão-chave que se coloca agora é a de transformar a campanha em realidade e não em uma formalidade do Congresso. O que temos que ter presentes é que se não houver uma decidida luta contra Bolsonaro, os bancários serão massacrados pelo governo.
As condições para derrubar Bolsonaro estão absolutamente maduras. Mesmo com toda a vacilação das direções sindicais em adotar esse bandeira como eixo central de luta, uma parcela expressiva da população já compreendeu que a reversão do quadro de destruição do país não pode se dar por meio de lutas pontuais, mas a partir de uma efetiva luta para derrubar aquele que representa no momento a cabeça do golpe de Estado no Brasil.