O maior e mais importante partido da esquerda brasileira se vê neste momento diante de uma enorme pressão e também um grande desafio. O Partido dos Trabalhadores vem sendo acossado por forças políticas que integram o terreno composto pela direita, centro-direita e centro-esquerda e até mesmo setores da própria esquerda. São os que hoje no país conformam a denominada “Frente Ampla”, concertação engendrada por políticos e personalidades do universo cultural, artístico e intelectual, que reivindicam para si a condição de “oposição” à postura autoritária e aos intentos golpistas do presidente fraudulento Jair Bolsonaro.
Embora alguns dirigentes de destaque no PT tenham feito a adesão à Frente (Haddad e outros), a liderança maior do partido, o ex-presidente Lula e a ex-presidente, deposta do cargo pelo golpe de Estado 2016, Dilma Rousseff, se recusaram a assinar e compor a ampla articulação de forças políticas (Frente Ampla).
A recusa de Lula, particularmente, deu lugar a uma avalanche de críticas, a maioria delas exigindo que o expoente maior do partido viesse a compor na “Frente”, sob pena do PT cair no isolamento. De imediato, aqui vale o adágio popular que diz: “antes só do que mal acompanhado”. E coloca más companhias nisso. A Frente Ampla está composta por elementos notoriamente direitistas e golpistas, sendo muitos deles os principais arquitetos do golpe de Estado de 2016, como o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso; os ex-presidenciáveis de 2018, Ciro Gomes e Marina Silva, além de outras figuras de menor brilho e expressão, como o apresentador global bolsonarista, Luciano Huck.
Os que desejam e pressionam para que o PT ingresse na “Frente” o fazem no sentido de ver o partido como caudatário da política central que norteia os “princípios” da Frente Ampla, que pode ser resumida assim: disciplinar e enquadrar o presidente golpista e fraudulento, sem ao menos exigir o seu afastamento, e caso isso venha a ser inevitável e realmente acontecer, preservar os aspectos essenciais do bolsonarismo, em primeiro lugar a política econômica do ministro entreguista Paulo Guedes, de ataque às massas populares, privatizações e destruição da economia nacional.
Esta é a cilada para a qual querem atrair o PT e outros setores da esquerda nacional. Envolver e comprometer os setores classistas, independentes e combativos da luta social do país com a política de colaboração de classes da direita e centro-direita nacional. Uma armadilha que, se bem sucedida, irá arrastar todo um expressivo contingente de trabalhadores, explorados e populares para o terreno da colaboração com seus inimigos e algozes.