A maior parte da esquerda pequeno-burguesa passou todos os dias da quarentena fazendo a propaganda do “fique em casa”. realizando panelaços e dizendo que qualquer mobilização real, nas ruas, seria uma “irresponsabilidade”. Foram meses de paralisia até que no último domingo, dia 31 de maio, torcedores e movimentos antifascistas saíram às ruas em várias cidades para enfrentar os bolsonaristas.
Essa iniciativa mostrou o apoio enorme da mobilização de rua e a impopularidade da direita. Isso fez com que a esquerda pequeno-burguesa mudasse seu discurso passando a um elogio dos atos, ao melhor estilo demagógico. Essa esquerda, inclusive, criticava a ação do PCO e outros grupos que defendiam a mobilização nas ruas e chegaram a realizar alguns atos.
Ao mesmo tempo que não queriam nenhuma mobilização, um setor da esquerda, tendo à frente elementos como Marcelo Freixo (PSOL), Guilherme Boulos (PSOL), Flávio Dino (PCdoB) e outros, assinavam manifestos com a direita golpista. Participam de todos os esforços para formar uma frente ampla com FHC, Luciano Huck, Rodrigo Maia e outros inimigos do povo, que são responsáveis pela eleição e sustentação de Bolsonaro e que defendem toda a política de Bolsonaro no que diz respeito aos ataques aos trabalhadores.
Com essa política, Guilherme Boulos, escondido de trás de sua Frente Povo sem Medo, decidiu de uma hora para outra participar dos atos de rua. Segundo declarações dele mesmo “A orientação será uma manifestação pacífica e de inibir infiltrados.” O que está por trás dessa vigilância é a velha tentativa da esquerda institucional de controlar e conter as manifestações de rua.
Diante das manifestações combativas organizadas pelos torcedores, que convocaram as pessoas a irem para a Paulista enfrentar os bolsonaristas, Boulos, a serviço da direita, procura se colocar como representante da mobilização, que ele nunca apoiou.
A primeira ação foi justamente a mudança de local do ato. Aproveitando uma decisão judicial ditatorial proibindo manifestações na Paulista no domingo, convocou o ato para o Largo da Batata, bem longe de onde estarão os bolsonaristas.
Não há nenhuma coincidência entre essa decisão e a declaração de que irá “inibir a violência e os ilfiltrados”. Infiltrados aqui deve ser entendido como uma preocupação com a ação policial, que ocorre normalmente em qualquer ato de rua, mas com um setor dos manifestantes mais combativos que estão dispostos a tomar medidas efetivas contra a polícia. São os que a direita, a imprensa golpista e a esquerda pequeno-burguesa acusam de “vândalos” para caluniar esses manifestantes.
A presença de Boulos na manifestação não é ocasional nem um mero problema de divergência política entre a esquerda. Ele cumpre nesse momento a função de conter o movimento e canaliza-lo para a via institucional, servindo como um instrumento para a frente ampla. Isso é a mesma coisa que dizer que a mobilização será usada para beneficiar a direita golpista que agora procura aparecer como oposição a Bolsonaro mas que é na realidade a principal responsável por esse governo de extrema-direita.
Guilherme Boulos é um funcionário da frente ampla dentro da mobilização. Parte dessa operação, inclusive, conta com a imprensa golpista, que elegeu Boulos um líder da esquerda e de um movimento que não é dele. É preciso dar o nome correto às coisas, sem meias palavras.