Os governos Bolsonaro, Trump e mais 30 ditaduras se unem para atacar os direitos das mulheres através de um acordo formalmente chamado de “Declaração de Genebra”. O documento que se anuncia em “defesa da vida “, marca oficialmente as alianças da direita fundamentalista cristã e muçulmana contra o direito ao aborto, foi assinado nesta quinta-feira 22 de outubro.
“Jamais haverá um direito ao aborto, família tradicional está sob ataque e interromper a gravidez não será parte do planejamento familiar” , diz o texto oficial do acordo.
Além de uma aliança conservadora, o documento marca um desafio aos acordos celebrados nas Nações Unidas e que orientam as políticas dos países membros afirmando a independência dos governos a estabelecerem as leis de acordo com seus valores e à revelia do direito internacional.
O evento foi liderado pelo secretário de Saúde dos EUA, Alex Azar, e pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que por sua vez é ligado ao movimento religioso americano.
Este afirma que a aliança traz “clareza moral” com a finalidade de proteger a família, e ainda que “ não existe um direito internacional ao aborto”.
A ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, pronunciou-se sobre o texto do documento . “Celebramos que o texto da declaração ora assinada consagre a inexistência de um direito à interrupção voluntária da gravidez, como às vezes se afirma em determinados fóruns internacionais”. Disse ainda: “Que se diga abertamente: nada, no direito internacional dos direitos humanos fundamenta esse hipotético direito de valer-se do aborto como opção do planejamento familiar”.
Também manifestou-se a secretária Nacional de Políticas para as mulheres, Cristiane Brito, dizendo que a Declaração de Genebra será um guia para as políticas públicas no Brasil.
A Declaração de Genebra é mais um dos ataques da direita conservadora aos direitos básicos da população e neste caso das mulheres.
Em todos os países onde existe a criminalização do aborto, em nenhum momento observou-se a diminuição do procedimento por parte da população. Com a demagógica retórica de “proteção à vida”, o que se vê é um aumento dos casos de interrupção da gravidez em condições insalubres, colocando em risco a vida e a saúde das mulheres.
As vítimas desta política de opressão e repressão às mulheres são justamente aquelas das camadas mais pobres da população, pois são estas que são forçadas a levarem adiante uma gravidez indesejada e a criarem seus filhos na miséria aprisionadas ao lar . Este mesmo estado que protege a vida do feto, não se ocupa de proteger a criança garantindo condições de segurança alimentar, trabalho para os pais , escola, saúde e moradia.
Pura demagogia burguesa que com belas palavras tem por intenção manter a população pobre sob seu controle absoluto.
Em tempos de eleição onde não se vê uma palavra que seja da dita “esquerda” no sentido de se opor a esta política de ausência de direitos às mulheres , que fique claro que o direito ao aborto seguro não virá pelas mãos nem da direita nem da esquerda disfarçada de moralista.
O direito ao aborto é fundamental para a libertação da mulher e somente será conquistado por meio da organização popular no combate à extrema direita e ao charlatanismo do discurso moralista que também toma conta de setores de esquerda.