Da redação – Com apenas oito dias de vida, o bebê de Élida Oliveira, uma índia Guarani-Kaiowá, foi retirado de seu colo por agentes de saúde e membros do Conselho Tutelar e foi levado para adoção, sob o pretexto de que estaria sofrendo com maus tratos, abandono e problemas dos pais com álcool e drogas.
O sequestro de bebês indígenas se tornou prática rotineira nas tribos, sendo que só em Dourados (MS) no ano de 2017 foram 50 casos. As mulheres indígenas denunciaram o fato na sexta edição da assembleia denominada Kuñangue Aty, onde elas se encontram a relatam abusos cometidos pelos órgãos oficiais do Estado, incluindo as Varas da Infância e da Adolescência da região. “Está virando lei agora tirar os indígenas e dar para os brancos?”, questionou Janete Alegre, anfitriã da assembleia em Amambai.
Sobre as acusações de maus tratos, as participantes lembraram que tradicionalmente as populações indígenas vivem na terra, cozinham seu alimento direto no fogo, e que, caso isto não seja mais aceito pelas instituições, reivindicam que sejam encontradas alternativas para criarem seus filhos nas próprias aldeias, seguindo seus costumes e os ensinamentos de seus antepassados, como manda o Estatuto da Criança e do Adolescente,
Jaqueline Gonçalves, uma jovem liderança Kaiowá, se indignou dizendo que “As instituições precisam nos respeitar. Isso é genocídio dos povos indígenas”.
O sequestro de bebês Kaiowá é uma política de extermínio das populações indígenas sob o pretexto falso de que as mães não tratam os filhos adequadamente. Esta medida deve ser terminantemente repudiada com a defesa dos índios de criarem seus filhos.