A importante mobilizações dos professores de São Paulo, próximo ao Palácio dos Bandeirantes, na última quarta-feira, quando a carreata convocada pela diretoria do sindicato (APEOESP) e proibida pela PM do governo João Dória (PSDB) foi transformada em ato de rua , o primeiro de uma importante entidade de luta dos trabalhadores após a pandemia se soma a outras manifestações de professores e estudantes e apontam no sentido da necessária mobilização real, nas ruas, de trabalhadores da Educação, estudantes e de toda a Comunidade Escolar contra a politica criminosa do governo ilegítimo de Bolsonaro e de toda a direita de determinar a volta às aulas em plena pandemia, colocando em risco de contaminação milhões de pessoas, o que pode elevar brutalmente o número de mortos que – oficialmente – se aproxima dos 100 mil casos e não para de crescer.
Depois de pousarem como “científicos” e até como opositores do governo Bolsonaro, governadores e prefeitos “tiraram a máscara” e adotaram escancaradamente as posições defendidas pelo governo fascista, que são as posições do imperialismo e do grande capital nacional diante da crise: deixar o povo morrer, sem testes, sem atendimento sem nada e agira para “socorrer” os bancos e grandes monopólios.
Em entrevista coletiva concedida ontem no Palácio dos Bandeirantes, no momento em que o Estado de São Paulo, ultrapassava a marca oficial de 22 mil mortos (dez vezes mais que toda a Argentina e cem vezes mais do que o total de casos de Cuba e Venezuela juntas), a secretária de desenvolvimento Econômico de São Paulo, Patrícia Ellen, por exemplo, declarou sem rodeios:
“Ficamos muito contentes com o resultado, porque comprova que, por um lado, o plano está fazendo seu trabalho, com essa retomada gradual. Para a economia houve um resultado positivo. Houve impacto de cerca de 30% de diferença no faturamento das empresas, mas não houve impacto negativo no que diz respeito ao aumento da pandemia. Eles mensuraram isso em casos e óbitos”
Isto quando o Estado ultrapassou a marca de mais de meio milhão de casos.
A pressão pelo retorno presencial às aulas, nas próximas semanas e meses, por parte do Ministério da Educação (MEC) e dos governos estaduais e municipais é parte fundamental dessa política genocida. Visa dar a impressão de que tudo está normal apesar da evolução da pandemia e serve também aos interesses dos tubarões do ensino privado que, ameaçados de falência, querem a volta das aulas sob quaisquer condições.
Contra essa política, além da primeira mobilização de rua dos professores paulistas, na qual se superou a política conservadora de setores da própria direção sindical (como da ala mais direitista do PT e da “oposição” ligada ao PSOL/PSTU-Conlutas que integra a diretoria mais de há 20 anos) ocorrem também outras iniciativas em todo o País que indicam uma tendência geral de mobilização que precisam ser impulsionadas.
É o caso por exemplo do boicote (greve) contra o ensino à distância decretado pelos secundaristas do Setor Leste do Distrito Federal, que em assembléias votaram pela suspensão do calendário letivo, em defesa do governo tripartite nas escolas e universidades. O belo exemplo foi seguido por alunos de dois campus do Instituto Federal de Goiás (IFG) que aprovaram em assembleias virtuais indicativo de greve em assembléia estudantil virtual, o de Itumbiara e de Águas Lindas.
Em Brasília professores da Corrente Educadores em Luta e estudantes da AJR, juventude do PCO, também realizaram protesto em frente ao Palácio do Buritis, contra a volta às aulas.
Em outras regiões multiplicam-se as iniciativas de professores, pais e alunos em defesa de reivindicações importantes na etapa atual como a necessidade de distribuição de cestas básicas, pelos governos estaduais e municipais, para todos os alunos da rede pública diante do crescimento da subnutrição e fome provocados pela falta da merenda escolar e do colossal aumento do desemprego entre a classe trabalhadora mais pobre, usuária da escola pública.
Estes protestos apontam no sentido da necessária retomada das mobilizações, nas ruas das próprias bases estudantis e trabalhadoras, contra a paralisia das direções, profundamente paralisadas diante dos ataques do governo e colocadas e “quarentena” na quase totalidade dos casos, encenando uma “luta” nas redes sociais e até mesmo comemorando “vitórias” dos estudantes e dos educadores, como nos casos da queda do ex-ministro Weintraub e na aprovação do Fundeb, quando a situação só retrocede e milhões de vidas estão ameaçadas pela volta às aulas.
É preciso romper a paralisia, pressionar por uma greve geral da Educação contra a volta às aulas, sob a palavra-de-ordem de “volta às aulas só com o fim da pandemia e com vacina” , como levantaram os professores da Corrente Educadores em Luta (militantes e simpatizantes do PCO, em diversas regiões do País).
Ao mesmo tempo é preciso intensificar a campanha junto aos trabalhadores e à juventude, com reuniões, boletins, atos, e outras iniciativas que reuna o ativismo combativo dos trabalhadores da Educação, estudantes e pais, rumo à retomada das grandes manifestações de rua, que sirvam para derrotar os planos genocidas de Bolsonaro e de toda a direita, levantando também a reivindicação central de Fora Bolsonaro.