Por Izadora Dias
Depois de um período contínuo de vacilações da esquerda diante do avanço do fascismo, e cansados de assistirem aos bolsonaristas tomarem as ruas sem nenhuma dificuldade, torcedores organizados dos times brasileiros assumiram uma importante posição: atropelaram a política de retaguarda da esquerda pequeno-burguesa e se mobilizaram nas ruas, contra o avanço da extrema-direita.
Desde que a pandemia chegou ao Brasil, a esquerda, exceto o Partido da Causa Operária – que não deixou de realizar o ato do 1º de Maio e manifestações pelo “fora Bolsonaro” – abandonou completamente, não só as ruas, mas até os sindicatos. Estes são uma organização fundamental para os trabalhadores enfrentarem uma situação tão devastadora como a pandemia. Além dessa assombrosa capitulação, a esquerda pequeno-burguesa também abraçou a política da direita, usando a campanha do #ficaemcasa como única medida de combate ao coronavírus.
Já não bastasse este total descaso com a classe trabalhadora, alguns setores da esquerda insistem em se juntarem com elementos declaradamente apoiadores do golpe de 2016, com a desculpa de que precisamos nos unir com quem for possível para derrotar o Bolsonaro. Porém, enquanto se unem até com direitistas, também ignoram por completo aqueles que – de fato – podem derrotar o bolsonarismo: o povo mobilizado.
Neste sentido, as torcidas mostraram o caminho! Não é “frente ampla” com a direita, não são as eleições de 2022, tampouco as medidas institucionais que vão derrubar o governo fascista. Só uma ampla mobilização popular e a organização consciente dos trabalhadores vão impedir os ataques da burguesia e o massacre dos direitos democráticos da maioria da população.
É claro que ainda ouviremos que sair às ruas é absurdo, e que os atos são perigosas aglomerações durante uma pandemia. Porém, para os trabalhadores não há outra alternativa. Ou lutamos, ou morreremos calados diante as atrocidades da direita.
O povo, longe dos privilégios da quarentena da classe média, já está com as suas vidas em risco, pois milhares de brasileiros não foram liberados pelos patrões para realizarem a quarentena e, outros milhares, foram descartados dos seus empregos. Então, agora o perigo é a fome, o despejo por conta das dívidas, o abandono do Estado, a falta de um sistema de saúde que atenda a todos os doentes com coronavírus e a violência policial. Violência esta que não diminuiu durante a pandemia, pelo contrário, nas periferias o número de assassinatos, causados pela Polícia Militar, aumentou.
E se a ameaça de ditadura militar cresce, no mesmo sentido, devem igualmente crescer os atos, dar início às greves, organizar todos os setores oprimidos. Para que nada, nem ninguém, cale os gritos daqueles que clamam pelo fim de um sistema opressor no Brasil e no mundo.