Os setores mais conservadores dentro do PT esforçam-se para “vender” a ideia de que Alckmin possa ser um bom vice para a chapa de Lula. A todo momento publicam brincadeiras, trocadilhos constrangedores e até argumentos sérios para conhecer os incautos de que essa é uma boa ideia.
O que temos visto até agora é apenas um constrangimento do público, que nem sonha em achar boa a decisão. No evento de lançamento da candidatura de Lula, vimos o triste cenário de um evento com entrada controlada para evitar vaias contra os supostos aliados da candidatura de Lula, como vimos no encontro com os sindicatos poucas semanas atrás.
Pouco a pouco, começa a ficar claro que o cenário apresentado pelos defensores de Alckmin como vice estava errado. Disseram que o ex-governador seria uma peça chave para que Lula conseguisse uma unificação maior em torno de seu nome, disseram até que com ele poderia se falar em uma vitória em primeiro turno, nos primeiros momentos da decisão chegaram até a cogitar de dar ao ex-tucano algum ministério para comandar caso Lula vencesse.
Agora vemos que Alckmin não fez crescer a votação de Lula, não fez diminuir a de Bolsonaro, que já aparece superando Lula no Estado de São Paulo, terra natal de Alckmin. O Instituto Paraná Pesquisas publicou no último dia 30 uma sondagem que apresenta Bolsonaro com 35,8% e Lula com 34,9%. Ainda que possamos, e devamos, duvidar da confiabilidade destas pesquisas, é inegável que o impacto negativo de trazer a bordo um criminoso político como Geraldo Alckmin.
É fácil ver que a escolha do vice fez rachar o bloco popular que apoia Lula. Não são poucos os militantes que admitem não votar no candidato do PT, por conta do vice, mesmo com os avisos de setores da esquerda revolucionária, como o PCO (Partido da Causa Operária), que já declarou que, apesar de horrenda, o partido irá fazer campanha para a candidatura de Lula com a mesma intensidade de antes.
O companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, tem alertado, contudo, que ficar exibindo Alckmin é um erro. Na visão do Partido, apresentar os aliados direitistas num primeiro plano tem apenas o efeito de desmoralizar a militância e acaba por desanimar o setor que tem que ir às ruas e garantir a vitória de Lula. Ele também ressalta que o Partido é contra a presença dos candidatos, políticos e partidos burgueses na coligação, ainda que isso não impeça o PCO de apoiar a candidatura de Lula.
A gravidade da situação fica explícita pelo baixíssimo comparecimento do público ao ato de 1º de Maio e pelo clima morno durante as falas. É preciso dar uma guinada na campanha e colocar a militância de base como fator central da mobilização eleitoral. Neste sentido, o Comitê Central do PCO, reunido nestes dias 6, 7 e 8 de maio, está preparando uma campanha nacional de mobilização de rua para unificar todos aqueles que vêem o atual rumo como fadado ao fracasso e buscar corrigir o curso antes que seja tarde. O Partido deve anunciar este plano de ação nos próximos dias.