Chefe inconteste das fracassadas manifestações da direita golpista realizadas no último dia 12, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), busca se apresentar como possível candidato da “terceira via” e, além do apoio dos setores mais reacionários e poderosos do capitalismo internacional e nacional, busca conquistar quebrar a possibilidade da unidade da esquerda em torno da candidatura do ex-presidente Lula, e garantir o apoio de setores da esquerda burguesa e pequeno-burguesa, procurando se apresentar como um candidato “democrático” e até progressista.
De modo muito forçado, a propaganda da imprensa golpista e até mesmo de setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa, buscam apresentar a necessidade da unidade com os setores da direita liderada por Doria, com a falsa campanha de que o governador seria um elemento progressista em relação ao atual presidente ilegítimo que ele (“BolsoDoria”), e todos os seus aliados da direita, ajudaram a eleger.
A realidade, no entanto, nada tem a ver com essa campanha.
“Pais do golpe”
Doria e seus aliados não apenas foram decisivos para eleger Bolsonaro, por meio da fraude eleitoral, realizada a partir da condenação e prisão ilegal do candiadto em que o povo queria votar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como foram os responsáveis diretos – e não Bolsonaro, que tinha apenas o seu próprio voto e um apoio ultra reduzido – por levar adiante toda a operação golpista que resultou na derrubada da presidenta Dilma Rousseff, em 2016.
No governo golpista de Temer, lideraram toda a política de retrocesso da economia nacional e das condições de vida do povo, com medidas como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e a “reforma” trabalhista (destruição da CLT); contando apenas com a colaboração minoritária de Bolsonaro e seus.
Já no governo Bolsonaro, nada foi aprovado, de fundamental, sem que a iniciativa coubesse à essa mesma direita. Foi o caso da “reforma” da Previdência (que liquidou com as aposentadorias de milhões de pessoas), da condução da política econômica do governo e da falta de medidas de combate à pandemia. Diferenças de discursos à parte, o Estado mais rico do País, governado pelo PSDB, tem o maior número de mortos do País, quase 150 mil, cerca de um quarto do número de mortos oficiais do País, reconhecidamente falsificados ou subnotificados.
O exemplo das privatizações
Um dos aspectos centrais da política da direita neoliberal e golpista é a entrega do patrimônio público para salvar da crise os grande monopólios capitalistas, por meio das privatizações e suas variantes, como as parcerias público privadas, terceirizações etc.
Neste quesito, como em vários outros. Doria em nada fica a dever em sua política reacionária, quando se compara com o governo Bolsonaro. Pelo contrário, sua “eficácia” em entregar o patrimônio público supera, em muito, a retórica de Bolsonaro.
No último 21, por exemplo, o governador paulista empossou o ex-presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia (sem partido, ex-DEM), no comando da recém-criada Secretaria de Projetos e Ações Estratégicas do governo de São Paulo. Maia é há muito apresentado como um dos principais articuladores da política da “terceira via”, da construção d euma alternativa da direita golpista à candidatura de Bolsonaro.
Maia se apressou em “declarar que a desestatização da companhia de saneamento Sabesp seria sua prioridade”. Uma iniciativa que, inclusive, levaram a uma alta de quase 11% as ações da empresa na Bolsa de Valores (ela já tem metade do seu capital privatizado).
A Companhia é responsável pelos serviços de água e esgoto em 375 dos 645 municípios paulistas e alega ser responsável por 30% de todo o investimento no setor no Brasil. E somente no segundo trimestre deste ano teve receita líquida de R$4,59 bilhões e um lucro líquido de R$773,1, superior em mais de 100% ao mesmo período de 2020.
Mas a sanha privatista do governo Dória não para por aí. O, até agora, apresentado como possível candidato de Doria ao governo de São Paulo, em 2022, o vice-governador Rodrigo Garcia, anunciou que “a marca da gestão Doria/Garcia… além da vacinação e do combate à pandemia, [será] a participação da iniciativa privada”.
Além do que já fez em São Paulo, onde privatizou de tudo à frente da prefeitura da Capital e do governo estadual (parques, aeroportos, rodovias, empresas diversas), Dória em campanha pelo País, anuncia que quer entregar mais.
“Sou a favor de que sejam privatizados todos os portos do Pará”, afirmou o pré-candidato tucano durante campanha na região Amazônica (dia 11/9). Não deixou de fora nem mesmo a floresta amazônica que, segundo ele, deveria seguir o exemplo do “ agronegócio de São Paulo [que ] cresceu vertiginosamente. E o reflorestamento da mata nativa também aumentou”.
Dois dias antes, “ o governador de São Paulo, João Doria, reafirmou a defesa da privatização da Petrobras”.
Pior que Bolsonaro
A política de Dória, do PSDB e de toda a direita golpista, não é apenas tão ruim quanto a de Bolsonaro. É pior! Ele representa os setores que querem ir mais longe, nos ataques ao povo e à economia nacional em defesa dos interesses dos grandes monopólios e não confiam (por hora) em Bolsonaro para levar adiante essa política. Seja pela crescente revolta popular e perda de apoio do governo fascista de Bolsonaro, seja pelo apoio que ele detém junto a setores mais débeis da burguesia nacional que se opõem a aspectos dessa política.
Trata-se de um elemento tão reacionário quanto Bolsonaro ou até pior porque tem total apoio da burguesia golpista e imperialista para impor seus planos contra o povo brasileiro.