É possível verificar na prática que a política de Ensino à Distância, imposta pelos governos durante a pandemia do coronavírus, é um verdadeiro ataque às condições de trabalho dos professores e a própria educação, quando tomamos como exemplo o caso do grupo empresarial Laureate.
O grupo, especializado no chamado EAD, é proprietário de diversas faculdades, como a FMU,FIAM-FAAM e a Anhembi Morumbi. No final de abril, o sítio Agência Pública denunciou que a instituição utilizava robôs para corrigir o trabalho dos alunos. A denúncia foi confirmada por cinco professores do grupo, que afirmaram ainda que o esquema era montado sob sigilo, para que os estudantes não percebessem que estavam sendo enganados.
A farsa era feita utilizando um programa de inteligência artificial, o LTI. A ferramenta, de acordo com os professores, é muito precária na correção das respostas. Isso porque ele funciona para a verificação das palavras corretas. Mesmo que o conteúdo das respostas esteja errado, se a mesma contiver as palavras certas o estudante teria nota positiva.
A denúncia gerou revolta nos alunos, que afirmaram terem sido enganados, obviamente, pela instituição na medida que desconheciam o que estava ocorrendo.
Passada menos de uma semana do ocorrido, o grupo Laureate, especializado em educação à distância, anunciou a demissão de cerca de 90 professores da rede. O anuncio foi feito na quarta-feira passada, 13 de maio, foi também confirmado pelo Sindicato da categoria, o SINPRO.
O motivo das demissões, de acordo com uma das professoras, seria uma suposta “restruturação” da rede. O que na realidade é uma política de precarização do trabalho do professor, uma vez que o grupo anunciou no mesmo dia a contratação de “profissionais monitores”, os quais irão receber a metade do salário dos professores demitidos, e terão como função servir como moderadores dos chats com os estudantes.
Ou seja, os profissionais formados foram substituídos, ou por pessoas sem qualquer formação na área, servindo apenas como moderadores dos grupos online dos alunos, ou por robôs que nada mais fazem do que avaliar de maneira completamente precária a formação dos estudantes.
O exemplo do grupo Laureate é muito significativo para se compreender como a política de Ensino à Distância, imposta sob pretexto da pandemia, é uma armadilha e um verdadeiro desmonte da educação em todos os aspectos, tudo para enriquecer ainda mais o bolso dos grupos empresarias, nacionais ou internacionais, especializados no Ensino à Distância.
É preciso ter claro que tais empresas possuem também ligação direta com o atual governo golpista e com todos os setores direita nacional. São verdadeiros tubarões do ensino privado, os quais estão se aproveitando da catástrofe do coronavírus para impor os seus interesses.
É necessário denunciar e mobilizar professores e estudantes contra essa política que na prática é a privatização da educação nacional. Defender o ensino público de maneira intransigente, a estatização do ensino privado, o acesso integral da população à educação pública, principalmente no nível superior, por meio do fim do vestibular e do livre ingresso à universidade pública.
É preciso vincular esta luta com a mobilização pela derrubada do atual governo golpista e de toda a direita nacional, que organizou o golpe de Estado, e vem impondo todos os ataques à educação. Esta luta deve ter como centro a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas!