Na última semana, vários episódios evidenciaram o avanço da crise no momento em que o Brasil sanitária, econômica e política. O Brasil ultrapassou a trágica marca de um milhão de pessoas infectadas e mais de 50 mil mortos. a economia despenca ladeira abaixo com previsões de queda de até 10% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2020.
Dezenas demissões de famintos e desempregados, como resultado da política dos governos da direita de “socorrer” os bancos e os grandes capitalistas, além de muitos outras dezenas de milhares de mortos, nos próximos meses, mostram um cenário nada promissor.
Nessas condições, ficou evidente em episódios recentes, como as prisões e ações judiciais contra setores bolsonaristas, que setores da burguesia golpista, a sua ala “democrática”, resolveram – diante da crise – aumentar a pressão em torno do governo, com o claro receio de que a crescente revolta popular contra o governo do presidente ilegítimo nas ruas, que fez a direita murchar e correr, coloque em ebulição um movimento ainda mais amplo que possa levar à derrubada de Bolsonaro, coisa que a direita não quer, porque representaria uma desestabilização total do regime golpista.
A direita golpista fora do governo Bolsonaro, discursa, expede ordens de prisão, faz campanha para demitir ministros etc. para intensificar a política levada adiante, sem sucesso, desde o começo do governo atual que ela ajudou a eleger: “controlar Bolsonaro” e manter , junto com este, a política de expropriação dos trabalhadores, como se vê na recente aprovação na Câmara dos Deputados da MP 729, proposta por Bolsonaro e “aperfeiçoada” pelos deputados do “centrão”, estabelecendo – entre outras coisas – que os trabalhadores demitidos podem ter que esperar até 2021 para receberem suas indenizações trabalhistas, mesmo que haja ordem judicial de pagamento.
Infelizmente, como apregoam certos setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa não há ainda nada a comemorar, o governo e os golpistas estão em crise, há atritos etc. mas não foram derrotados em nenhuma questão fundamental e mantém sua relativa unidade em torno da sustentação do governo Bolsonaro e do roubo dos trabalhadores.
Por outro lado, bolsonaristas e “democratas” (que dominam o judiciário, a imprensa golpista e os partidos burgueses) seguem unidos, para atacar os trabalhadores e suas organizações, impor a censura e tentar proibir as manifestações, como no caso da ameaça de multar em em até R$200 mil entidades populares e da esquerda que convocarem manifestações na Avenida Paulista, sem a “benção” do judiciário tucano, da PM genocida etc.
Por isso tudo, é preciso tirar proveito da divisão da direita, da perda de apoio crescente do próprio governo (que nem de longe tem os 30% que tinha no momento das eleições e que a imprensa burguesa alardeia para dar a impressão de que é impossível derrubar Bolsonaro) e fazer crescer a mobilização que vem se desenvolvendo – ainda embrionariamente – em todo o País.
É preciso impulsionar as mobilizações que têm a importante adesão de setores combativos e revolucionários que, como o PCO e os Comitês de Luta, adotam uma política classista e revolucionária como resultado do seu programa e da sua experiência diante do golpe, e de setores populares, como as torcidas de futebol, conselhos e movimentos de bairro etc., que agrupam jovens e trabalhadores, diante da paralisia das tradicionais organizações de luta dos explorados, como os sindicatos, organizações estudantis etc. provocada pela política capituladora da maioria de suas direções em “quarentena”.
Por hora, a burguesia decidiu que não quer derrubar o governo Bolsonaro, mas ajudá-lo a intensificar a ditadura, violando os direitos democráticos da população, como a liberdade de expressão e manifestação.
Este, apoiado pelos militares, manobra para ganhar um fôlego diante da crise, ao mesmo tempo que mantém suas ameaças de golpe militar diante do agravamento da crise, ou seja, com a imposição de uma ditadura ainda mais brutal contra o povo brasileiro.
Contra a ditadura dos bolsonaristas e militares, contra o golpe militar e contra a ditadura dos “democratas” golpistas do STF e da burguesia que querem manter Bolsonaro e o genocídio, fome e miséria da maioria do povo, sair às ruas, colocar a direita para correr e lutar pela derrubada de Bolsonaro e de todos os golpistas.