Os números da PNAD Contínua, pesquisa regular que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesse dia 30 de junho explicitam as informações divulgadas pelo mesmo Instituto alguns dias atrás de que mais de 50% da força de trabalho do País está desempregada.
A pesquisa é uma radiografia do trimestre móvel, que compreende os meses de março, abril e maio de 2020, retratando, portanto, o início da pandemia do Coronavírus no País. Quando os números são vistos isoladamente, poderia passar a impressão de que a situação se agrava, mas não numa dimensão catastrófica, como por exemplo no avanço do desemprego, que atingiu 12,9%, com um crescimento de 1,2 ponto percentual se comparado ao trimestre imediatamente anterior (dezembro a fevereiro), o que representa um acréscimo de 368 mil novos desempregados.
O problema é que os 12,9% não representam nem de longe a realidade do País. Independentemente de a metodologia adotada seguir padrões internacionais, o fato é que ela causa muito mais confusão que esclarecimento. Em números absolutos, nada menos do que 9 milhões de pessoas se somaram ao contingente de 75 milhões de brasileiros já fora do mercado de trabalho, o que fez pela primeira vez na história do País, os sem empregos superarem os com emprego.
Todos os indicadores tiveram alterações vertiginosas se comparado ao trimestre anterior ou ao mesmo período do ano passado. O número de trabalhadores por conta própria diminuiu em 8,4%, 3,4 milhões de trabalhadores sem carteira assinada perderam o emprego, um crescimento superior a 20%. A população de desalentados – aqueles que desistiram de procurar emprego – aumentou em 22%. A população subutilizada, que vive de pequenos “bicos”, saltou de 26,8 para 30,4 milhões.
Uma última informação que vem a se somar ao pavoroso quadro dos trabalhadores no País. Ela diz respeito aos trabalhadores com carteira assinada no setor privado, excluindo trabalhadores domésticos, atingiu o seu menor índice histórico, 31,1 milhões, uma queda de 7,5% ou 2,5 milhões de pessoas.
Esse último indicador tem por trás ainda um outro agravante que não aparece na pesquisa. Desse contingente de 31 milhões, nada menos do que 11 milhões estão com seus contratos de trabalho suspensos ou sofreram redução salarial, conforme estabelecido pela MP 936. Quer dizer, apenas 20 milhões de trabalhadores no setor privado podem ser considerados trabalhadores efetivamente trabalhando, ou aproximadamente apenas 15% da força de trabalho do Brasil.
Os dados deixam visíveis o agravamento da crise com a pandemia do coronavírus, mas não significa que antes a situação era confortável, muito pelo contrário. Apenas demonstram que a pandemia serviu como catalisador para uma situação que vem se agravando constantemente.
A situação de conjunto é resultado direto do golpe de Estado no Brasil e do propósito da burguesia de fazer com que os trabalhadores paguem pela crise capitalista. Em sua versão de extrema-direita, o golpe de Estado procura aprofundar mais ainda os ataques ao explorados do País. Uma questão fundamental que está absolutamente vinculada à sobrevivência física dos explorados do País e a luta contra o maior dos males o desemprego é justamente a luta pelo “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”.